Pesquisar
Pesquisar
Close this search box.
CORPO A CORPO

Zezé Motta choca público ao relatar agressões racistas que sofreu em novela

Imagem com foto da atriz Zezé Motta durante participação no programa Encontro
Zezé Motta relembrou ataques racistas que recebeu por causa da novela Corpo a Corpo, de 1984 (foto: Reprodução/Globo)

Zezé Motta relembrou os ataques racistas que sofreu durante a novela Corpo a Corpo (1984), da Globo. Na ocasião, sua personagem na história fez par romântico com Marcos Paulo (1951-2012). Os agressores enviavam recados para a secretária eletrônica do ator com mensagens violentas sobre as cenas dele com Zezé. O assunto surgiu durante participação da artista no quadro TBT, do Encontro com Patricia Poeta, no qual foram resgatados alguns registros dos trabalhos da atriz.

“Você era a Sônia, contracenava com o Marcos Paulo, eram um casal. O preconceito ultrapassou a ficção, né, Zezé? Eu lembro que parte do público foi muito preconceituosa, muito racista”, disse a apresentadora. “Na época, foi uma loucura, uma surpresa superdesagradável para todos nós, para o autor da trama, para mim, para o Marquinhos”, relatou. “O Marcos Paulo chegava em casa e tinha recados na secretária eletrônica dele. Era aquela época da secretária eletrônica, né? Recados, assim, desaforados, revoltados e agressivos. Dizendo ‘ah, não acredito nesse casal’, ‘você beijando uma mulher horrorosa’”, disse Zezé.

Na sequência, Zezé Motta recordou de uma mensagem que a deixou chocada. “Teve um homem que foi horrível, eu fiquei chocada. Ele falou: ‘Se a Globo me obrigasse a beijar essa negra feia, eu lavaria a boca quando chegasse em casa com água sanitária’”. “Umas coisas horríveis, horríveis“, relembrou ela. Apesar da situação lamentável, a intérprete pontuou que muitas pessoas também torciam pela felicidade do casal da novela Corpo a Corpo. Ao comentar sobre o trabalho em A Próxima Vítima (1995), ela reforçou que, na história, mulheres negras tinham vida própria e não apenas vivam ao redor dos personagens brancos.

“Teve uma época em que os atores negros não tinham família. Não tinham pais, não tinham mães, não tinham filhos. Sempre eram serviçais de uma família branca e tal. E, de repente, eu era uma dona de casa, trabalhava fora, tinha marido e dois filhos. Antonio Pitanga era meu marido, Camila [Pitanga] era minha filha… Foi muito incrível. A realização de um sonho. Me senti vencedora de uma luta. Que é essa, a luta que continua: por espaço”, relembrou.

Zezé também relembrou a passagem por Sinhá Moça, de 2006. Ela interpretava uma mulher que tinha que amamentar os filhos dos senhores, após ter o próprio filho tirado dos seus braços. “Eu me emocionava porque, em várias cenas, eu pensava: ‘Meu Deus, que pena que não é ficção. Isso acontece no Brasil, a discriminação’”, lamentou. Ela também falou sobre intolerância religiosa, tema que abordou com suas personagens em Porto dos Milagres (2001), O Canto da Sereia (2013) e O Outro Lado do Paraíso (2017), onde viveu mães de santo. “Isso [as novelas e minisséries] gera uma discussão entre amigos, entre a família. E eu acho que muita gente muda assistindo”, disse a atriz.

Leia mais