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FILHO DE DELEGADO

José de Abreu explica por que não sofreu tortura física ao ir para a cadeia

Imagem com foto do ator José de Abreu
José de Abreu em entrevista; ator explicou por que não foi torturado pelos militares na ditadura (foto: Reprodução/TV 247)

José de Abreu relembrou a época em que foi preso político da Ditadura Militar (1964-1985). Em entrevista, o ator contou que foi poupado de tortura física na prisão por ser filho de um delegado de polícia. O artista citou um episódio específico que aconteceu durante o AI-5 (Ato Institucional nº 5), um dos períodos de maior repressão do regime. “Quando eu fui preso pela segunda vez já era AI-5, mas eu não fui torturado, tive muita sorte, até nessa época meu pai tinha sido delegado de polícia, então havia uma certa… ‘o cara é filho de delegado e tal, maneira aí'”, explicou em conversa com a jornalista Hildegard Angel, do canal TV 247.

O que você precisa saber

  • José de Abreu relembrou a época em que estava atrás das grades durante a Ditadura Militar;
  • O ator contou que foi poupado de ser torturado na prisão por filho de um delegado de polícia;
  • Tive muita sorte“, admitiu o veterano.

“Uma vez eu estava preso no presídio Tiradentes e daí alguém chama… porque às vezes vinha um cara e gritava o nome pra levar pro DOPS [Departamento de Ordem Política e Social] pra ser torturado… [chamou] ‘José Pereira de Abreu Júnior’, e eu: ‘Puta vida chegou minha vez…’. Aí vinham os companheiros [e diziam]: ‘Forças companheiro, forças, porra, estamos aqui, segura aí….’. Aí chega o carcereiro: ‘Quem é José Pereira de Abreu Júnior? [Respondo]: ‘Sou eu’. [O carcereiro]: ‘Toma, sua mãe mandou’. Eram cinco frangos assados, três horas da manhã, o carcereiro esperou todo mundo ir dormir para não dar colher de chá para o filho do delegado”, disse ele.

José de Abreu, que recentemente esteve no ar como coronel Tertúlio na novela Mar do Sertão (2022), da Globo, disse que apesar de não ter sofrido violência física foi torturado psicologicamente “à distância” em razão do medo de passar pelos métodos cruéis de tortura que eram aplicados pelos militares. O ator contou que quando algum conhecido era preso depois vinha a notícia de que a pessoa foi torturada e posteriormente morta, o que deixava um clima de muita apreensão.

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“Quantos anos eu não dormi com medo de tortura? Silvinho foi preso, aí vem a informação, Silvinho tá sendo torturado, Silvinho morreu… Tem gente que nunca se achou o corpo… Cada vez que um amigo, colega de classe, um amigo do bairro era preso pela ditadura, e começavam a chegar as notícias das barbaridades, óbvio que você introjetava isso em você: ‘Amanhã vai ser eu, e aí será que eu resisto ao pau de arara ou ao choque? Ao que eu vou resistir mais? Como faz?’”, disse. O artista frisou que “a ditadura fez coisas absurdas” e até hoje não foram encontrados os corpos de pessoas assassinadas pelos militares.

“As pessoas não têm noção do que é viver numa ditadura, quem viveu e não sofreu nada é porque não viveu, tinha uma vida alienada da realidade e não queria ver [as atrocidades cometidas pelos militares]. A ditadura fez coisas absurdas”, disse ele. Em 31 de março, data em que completou 59 anos do golpe militar no Brasil, José de Abreu compartilhou nas redes sociais um registro de quando foi preso. Ele também postou uma foto da mãe, Gilda Abreu, ao lado de outras mães que pediam a liberdade dos filhos presos políticos. Ele foi detido por fazer participar do congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes).

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