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O desafio dos festivais de música para 2022 é alcançar a excelência

Roberto Medina é o criador do Rock in Rio, um dos principais festivais de música do mundo (foto: Divulgação)
Roberto Medina é o criador do Rock in Rio, um dos principais festivais de música do mundo (foto: Divulgação)

Após praticamente dois anos com as restrições provocadas pela crise sanitária, a vacinação avança em todo o mundo e, agora, principalmente no Brasil. A pandemia afetou o trabalho, o convívio social e a livre circulação das pessoas e ainda afeta, pois mesmo com o avanço da vacinação, os cuidados continuam os mesmos. Aos poucos, percebemos que a rotina voltou adaptada para a maioria, e agora temos até o ensino público retornando em grande parte das cidades brasileiras. O que ainda fica para trás são os eventos culturais como shows e festivais de música.

Com muito cuidado ao determinar os novos rumos desse retorno, já temos sinais da movimentação de grandes e novos festivais de música no Brasil para 2022. Essa coluna não vai servir de infectologista e dizer se será possível ou não, se o uso de máscara será obrigatório ou opcional, se a lotação será menor ou a mesma de sempre, pois não tem como determinar nada disso. Provável que essas respostas surjam com o tempo, com a determinação dos órgãos responsáveis e das equipes dos respectivos festivais.

O que é possível dizer é que esses eventos vem para o tudo ou nada. Alguns festivais já definiram suas datas e já temos uma boa programação. Minas Gerais receberá os festivais Breve e Sarará, sendo que o primeiro será realizado durante o dia 9 de abril com atrações de peso da música brasileira, de todas as gerações. O festival será um bom termômetro para outros de peso igual como o Bananada, realizado em Goiânia, e o CoMa, de Brasília, feitos com tendências do underground e a velha guarda da MPB. Esse tipo de festival, normalmente, tem um teor colaborativo e de inclusão muito fortes, prezando pela diversidade, tanto no line-up quanto no staff.

Agora, os grandes festivais sofrem de um problema que é a expectativa. Se em parâmetros normais, a expectativa do público pelo Rock in Rio e Lollapalooza já são gigantescas, imagina com o retorno desses depois de enfrentarmos uma pandemia, em que não era possível saber quando poderíamos assistir a um show novamente. Particularmente, acredito que o público vai se emocionar com qualquer show desde que aquela vibração que esses eventos causam seja mantida. Mas para sair satisfeito, o público vai exigir organização, line-up, acessibilidade e diversão em níveis altíssimos.

A barreira é que como a pandemia afetou também a economia, podemos esperar que os ingressos se tornem mais caros, além de toda a logística para quem não está em São Paulo ou Rio de Janeiro, que envolve o transporte para essas cidades e a hospedagem, além da locomoção para os festivais, entre outras coisas. Claro que a possibilidade de pagar mais caro que em outras edições é bem alta, mas as organizações precisam entender quem sempre manteve a popularidade de seus eventos em alta e pensar, pelo menos, em formas de justificar seus valores.

Atrações de alto nível fazem pessoas comprarem um ingresso, mas é o sentimento que esses eventos proporcionam que mantém essas pessoas interessadas em continuar indo, mesmo que não seja para assistir o show de seus ídolos. Tudo isso envolve a dedicação de milhares de trabalhadores, que respondem a vários outros, abaixo dos grandes coordenadores das maiores rotas culturais do Brasil. O desafio para os eventos não é só conseguir as grandes marcas que os patrocinam, mas é manter o público que sente falta de pular e cantar ao som de alguns dos maiores cantores que existem mundo afora.

Se existe um conselho que pode ser dado é pensar e planejar mais do que nunca, para que 2022 possa ser o grande ano de retomada das atividades culturais, com o talento de todos os grandes músicos que vão passar por nossos palcos e o apoio e prestígio que o público sempre ofereceu e quer continuar oferecendo. Que possamos nos ver em todos os festivais que pudermos ir em 2022.

Gabriel Bueno é publicitário de formação, atua no mercado desde 2013 nas áreas de criação, mídia e produção. Viciado em acompanhar música, sempre disposto a comentar premiações, álbuns, videoclipes e tudo que envolve o meio musical. É o autor da coluna Decifrando, publicada no TV Pop semanalmente. Siga o colunista no Twitter: @GabrielGBueno_. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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