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EURICO MEIRA DA COSTA

Diretor de jornalismo de afiliada da Globo na Bahia é acusado de racismo

Imagem da sede da Rede Bahia, afiliada da Globo em Salvador
Ex-funcionário acusa diretor de jornalismo da Globo da Bahia de racismo (foto: Reprodução)

Hildázio Santana, ex-coordenador de Esportes da TV Bahia, afiliada da Globo, afirma que foi vítima de racismo por parte de um diretor da empresa ao ser demitido após ser acusado de furtar uma cafeteira. O jornalista nega que tenha cometido crime e revelou ter denunciado Eurico Meira da Costa, diretor de Jornalismo, ao Ministério Público. A emissora alega que a demissão se deu por “decisão gerencial e natural do dia a dia de qualquer empresa privada”.

A demissão do profissional aconteceu na semana passada e foi divulgada por ele nesta quinta-feira (28) nas redes sociais. Santana trabalhava há 20 anos na TV Bahia e a situação teria ocorrido após ele mudar uma das cafeteiras da sede do canal de sala. Ele alega que esqueceu de levar o aparelho para o lugar de origem após algumas reuniões. O jornalista diz que a cafeteira nunca foi retirada das instalações da Globo local.

“Retirei uma cafeteira pequena de uma sala e coloquei em outra. A cafeteira não saiu da TV Bahia, continua lá até hoje. No dia seguinte, fui chamado pelo diretor de jornalismo porque as imagens mostravam eu saindo com o equipamento de uma sala para outra. Não coloquei dentro de sacola, nem de mochila, nem embaixo da camisa. Saí com ela nas mãos e por onde passei existiam câmeras mostrando tudo. Há quase dez câmeras de uma sala para outra”, disse em seu perfil numa rede social de fotos.

Segundo Hildázio, ele foi chamado para conversar com o diretor de Jornalismo, Eurico Meira da Costa, em uma sala da emissora no dia seguinte. Além dos dois, estava no local Ana Raquel, gerente de jornalismo. “O Eurico me colocou dentro de uma sala. Tentou me desligar por justa causa, me coagiu, me julgou, e no final me puniu com um desligamento da empresa. Me acusou da ‘subtração’ de um equipamento de café”, relatou o profissional. Segundo o artigo 482 da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), para um profissional ser demitido por justa causa é necessária a comprovação de alguma irregularidade grave.

“Mesmo assim, ressaltei que levei a cafeteira apenas para fazer um café para me divertir com os colegas, e que iria colocar no mesmo lugar, mas por [ter feito] muitas reuniões, não deu tempo. Fui questionado pelo Eurico por que havia entrado de maneira ‘furtiva’ no local para pegar o equipamento”, continuou ele no texto de desabafo. Em conversa com o UOL, Santana deu mais detalhes sobre o ocorrido. “A conversa desde o início foi em tom de ameaça. Contaram sobre a cafeteira e me deram duas opções: ou era demitido por justa causa, ou pedia demissão. [Falaram] para o assunto não vazar e questionei: ‘vazar o quê?’. Naquela noite, ele queria me demitir por justa causa, mas pela manhã, mudaram para desligamento”, relatou ele.

“Em vários momentos, fui perguntado sobre o tamanho de minha mochila e o que levava nela. Atônito com a situação, não percebi o que ele realmente queria dizer. Meu Deus! Será que em quase 20 anos de TV Bahia e no cargo de liderança que exercia [coordenador geral de esportes], sete promoções dentro da emissora, eu iria subtrair ou furtar um equipamento de café?”, continuou. “Nunca pensei que em quase 20 anos na TV Bahia, eu iria viver um ato tão cruel por uma pessoa que estava ali para me apoiar. Uma pessoa que deveria ser exemplo no orientar, falar e no cuidar. O racismo é silencioso e desumano. […] Chega! Precisamos dar um basta. E por isso eu compreendi que precisava falar, me defender, me posicionar”, lamentou.

Em nota oficial, a TV Bahia negou as acusações. Segundo a afiliada da Globo, a demissão de Hildázio Santana se deu por uma “decisão gerencial e natural do dia a dia de qualquer empresa privada”. Leia na íntegra o comunicado divulgado pela emissora:

Em virtude da circulação de notícias e comentários recentes, a respeito do desligamento de um dos nossos colaboradores e dos fatos que supostamente o motivaram, vimos a público esclarecer se tratar de uma decisão gerencial, natural no dia a dia de qualquer empresa privada, decisão essa embasada em questões profissionais, sem qualquer viés persecutório e/ou discriminatório. A Rede Bahia sempre trata seus colaboradores com respeito, igualdade e seriedade. Eventuais discussões e desdobramentos do assunto serão tratados com empenho, seriedade e clareza nas esferas e instâncias competentes.

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