Após ser processada por uma reportagem contra o ex-presidente Lula, a Record intensificou os ataques contra políticos de esquerda. No começo da semana (5), o programa Domingo Espetacular exibiu uma reportagem em que o ex-chefe do Serviço Secreto da Venezuela, o ex-general Hugo Armando Carvajal, denunciou um suposto esquema de financiamento feito pela Venezuela a governos e partidos de esquerda de diversos países, incluindo o Brasil. A Record é apoiadora do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ex-general, que já teve um importante cargo no governo da Venezuela e está preso em uma penitenciária de segurança máxima na Espanha, foi entrevistado pelo Domingo Espetacular por meio de carta. Ele afirmou que decidiu testemunhar para ajudar seu país e confirmou que o ex-presidente Lula recebeu dinheiro do governo venezuelano. Além do brasileiro, outros políticos também teriam se beneficiado: Néstor Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), Ollanta Humala (Peru), Manuel Zelaya (Honduras) e Gustavo Petro (Colômbia).
“Tanto o Brasil quanto a Colômbia eram prioridades do governo venezuelano”, disse Carvajal. O ex-general ainda disse que “o esquema do Brasil foi semelhante com o da Espanha para a Itália”. No entanto, ele não detalhou como era o suposto esquema. A Record disse na reportagem que tentou entrevistar representantes do PT e de Lula, mas que se recusaram a falar. A assessoria do político divulgou a seguinte nota: “O ex-presidente Lula foi investigado por anos, teve todos os sigilos quebrados e analisados por investigadores, mas nenhum recurso irregular foi encontrado em suas contas, o que inclui esse tipo de acusação mentirosa e sem base alguma.”
Por sua vez, o partido afirmou: “O PT acionou judicialmente a Record para que a emissora seja responsabilizada pelas acusações sem provas e caluniosas que vem difundindo contra o partido e seus dirigentes”. Em novembro, o Partido dos Trabalhadores protocolou uma ação indenizatória contra a Record depois que foram exibidas cinco reportagens associando o partido de esquerda ao narcotráfico. A legenda pede indenização de R$ 100 mil. Além da indenização, o PT quer que as reportagens sejam retiradas das redes sociais da Record e pede que a Justiça determine que a emissora cesse as acusações contra o partido.
