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ANÁLISE

Maldivas tem humor tragicômico e altas doses de Desperate Housewives

Foto de divulgação da série Maldivas
Maldivas parece versão sem orçamento de Desperate Housewives (foto: Divulgação/Netflix)

Um condomínio de luxo em que todos mostram ter uma vida aparentemente perfeita, mas após a morte de uma de suas condôminas, começa a mostrar pequenas rachaduras. Esse é basicamente o conceito de Maldivas, nova série brasileira original da Netflix que estreou na quarta-feira (15), com todos os sete episódios da primeira temporada já disponíveis na plataforma. O projeto é, de certa forma, ousado desde a sua concepção: é a primeira aposta da gigante do streaming com um elenco recheado de grandes nomes que eram figurinhas carimbadas da dramaturgia da Globo.

No elenco da produção, temos Bruna Marquezine, Klebber Toledo, Sheron Menezes, além de Manu Gavassi, cantora e figura marcante do BBB 20. Outro nome que começou sua trajetória na emissora líder de audiência é o de Natália Klein, que assina como criadora, roteirista e ainda atua na série. Ela começou sua carreira televisiva no seriado Adorável Psicose, do Multishow, que também foi assinado por ela. Mas voltando para Maldivas, podemos dizer que se trata de um seriado deliciosamente ruim.

Logo no primeiro episódio, temos piadas rápidas e que instigam o clima da investigação sobre a morte de uma das moradoras. Mas com o passar dos episódios, a trama começa a focar cada vez mais na investigação do que na vida do restante dos personagens, cansando o público, ao tentar colocar várias reviravoltas para fisgar o telespectador. A série claramente bebeu na mesma fonte que a americana Desperate Housewives, tendo quase a mesma história (a RedeTV!, inclusive, já tinha produzido a versão baixo orçamento da trama, chamada de Donas de Casa Desesperadas).

A diferença das duas é, mesmo, o mistério de quem é o assassino e a narração, feita pela criadora do seriado. Se formos falar das atuações, o elenco não pareceu bem entrosado: cada um estava com um modo diferente de atuar, alguns mais exagerados e outros mais contidos, e a diferença fica desconfortável quando alguém de um núcleo se encontra com personagens de outro setor. O que realmente incomoda na história, no entanto, são os vícios na construção dos personagens.

Manu Gavassi está praticamente vivendo o mesmo personagem em loop desde o Big Brother Brasil: a sua atuação na série parece até uma continuação do clipe Deve Ser Horrível Viver Sem Mim. Natália Klein, por sua vez, continua sendo a intelectual superior e narradora que vez ou outra quebra a quarta parede, que é praticamente qualquer personagem que ela já escreveu pra si mesma. Você vai sim se divertir com a série, que deixa até algumas pontas soltas para uma segunda temporada.

Mas a dica que fica é que se aparecer algo melhor para assistir, assista este algo. Não há uma grande força que fará você assistir vários episódios ou querer maratonar uma temporada inteira.

Mateus Ribeiro é engenheiro por formação, e nas horas vagas se diverte maratonando séries e assistindo programas de origem duvidosa da televisão brasileira. No TV Pop, escreve sobre as séries produzidas pela indústria norte-americana. Converse com ele pelo Twitter @omateusribeiro. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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