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CRÍTICA

Lightyear: uma carta de amor aos fãs de Toy Story

Foto de divulgação de Lightyear
Lightyear é a nova aposta da Disney para os cinemas; dublagem brasileira tem Marcos Mion (foto: Divulgação/Disney)

O mais novo lançamento dos cinemas, Lightyear, chegou com uma missão ousada: contar aos espectadores de Toy Story (1995) como Andy se tornou fã do patrulheiro estelar a ponto de desejar o boneco e causar a lendária intriga com o cowboy Woody. O filme, inclusive, marca o retorno da Pixar aos cinemas desde o início da pandemia do Covid-19.

Lightyear, no entanto, nada tem a ver com qualquer filme da série Toy Story – embora esteja ambientado em cima da franquia, está em uma espécie de “universo-dentro-do-próprio-universo”. Ele bebe muito da fonte da Marvel explorando o conceito do multiverso, também brincando com o espaço-tempo de maneiras correlatas. É possível afirmar que o protagonista com certeza seria capaz de encontrar algum Vingador perdido por aí.

A ideia como um todo do filme torna-se então uma enorme tela em branco disponível para a Disney desenhar da forma que quiser a história não-contada de Buzz Lightola Lightyear. Uma jogada de mestre, pode-se dizer. O Buzz que lembramos é aquele que não sabia voar, e sim, cair com estilo; o longa trata como objetivo se desvencilhar da animação original de todas as formas possíveis, seja com a ausência de qualquer ligação com o mundo dos filmes até na excelente dublagem do protagonista assinada por Marcos Mion, ao invés da lendária voz de Guilherme Briggs, visando trazer um personagem distante do boneco sucesso de vendas. Nem por isso esquecem da importância da quadrilogia passada, entregando diversas referências e explicando conceitos que já vimos antes, incluindo o do antagonista Imperador Zurg, seus traços da série Star Wars e até a origem da famosa frase “Ao infinito e além”.

Quem rouba a cena é o gatinho

Buzz Lightyear e Sox (foto: Reprodução/Walt Disney Studios)

O gatinho que foi apresentado nos trailers mostrou a que veio e é impossível não se apaixonar. Presente de Alisha Hawthorne, companheira de equipe que envelheceu mais rápido que Buzz, o robô foi entregue após o retorno de um dos diversos testes de alcance de ultravelocidade do patrulheiro com o objetivo de resgatar sua equipe que ficou presa em um planeta desconhecido.

Sox, como foi nomeado, recebeu como objetivo ajudar com o emocional fragilizado de Buzz após retornar de cada teste e notar que foi perdendo o convívio com sua superior após avançar dezenas de anos em minutos e vê-la envelhecendo até que o iminente acontece.

Sendo tratado como o filme favorito do Andy que o motivou a ter um Buzz Lightyear, muito me surpreende mesmo é não ter existido qualquer boneco do Sox à venda na época.

Como a maioria dos filmes da Disney, Lightyear esbarra nos velhos clichês para entregar resultados – aquela velha história de excesso de protagonismo em detrimento de algum coadjuvante que se mostra uma péssima ideia e é reparada no futuro onde tudo acaba bem através do trabalho em equipe. É a famosa “fórmula de sucesso”. Cá entre nós, nada contra, mas que é batido, é.

Os visuais do filme são impressionantes. É um filme de espaço, mas brinca de querer ser o Top Gun da Disney com cenas dentro de naves cheias de efeitos demonstrando a força exercida, o esforço para manter o controle e, principalmente, os erros. O que é engraçado, visto que Top Gun: Maverick, sequência do filme original de 1986 está em cartaz junto desse filme nos cinemas.

Lightyear não é um chamariz da Pixar, e aparentemente nem foi concebido para ser um. É um filme espirituoso que conta uma história usando um personagem que conhecemos bem. E esse é o segredo que vai torná-lo um sucesso: ele vai levar o sujeito de 40 anos que viu o filme de 1995 de volta ao cinema e vai levar a criança que terá o futuro pela frente. Não é memorável, e tá tudo bem; a história tem o seu potencial, embora seja parcialmente aproveitado. A ficção científica a la Interestelar (2014) se esconde no spin-off e traz um belo fan service pra quem gosta da franquia Toy Story, seja para rir ou chorar.

Lightyear está em cartaz nos cinemas desde a última quinta (16).

Caio Alexandre é entusiasta de cinema, exibição, animes e cultura pop em geral. Escreve desde 2008 sobre os mais variados assuntos, mas sempre assumiu a preferência pelo cinema e sua tecnologia embarcada. Autor convidado do TV Pop, fala sobre tudo que é tendência no universo da cultura pop. Converse com ele pelo Twitter, em @caioalexandre, ou envie um e-mail para [email protected]. Leia aqui o histórico do autor no site.

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