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LIBERDADE DE IMPRENSA

Equipes da Band, Record e SBT são hostilizadas por fãs de Jair Bolsonaro

Foto da equipe da Band, Record e SBT
Equipes do Rio Grande do Sul foram hostilizadas em Porto Alegre (foto: Reprodução/Montagem)

Equipes de reportagem do SBT, Record e Band, do Rio Grande do Sul, foram hostilizadas por grupos de bolsonaristas no Centro Histórico de Porto Alegre nesta quarta-feira (2). Os manifestantes estavam protestando contra a derrota de Jair Bolsonaro (PL) e pediam por intervenção militar no país. Das emissoras, apenas o SBT e a Band decidiram se manifestar logo de cara sobre as agressões sofridas por seus funcionários. A Record, apoiadora de primeira linha do candidato derrotado, não havia emitido qualquer comunicado e optou por apenas noticiar as manifestações em seus telejornais locais. Na quinta-feira (3), após ser procurado pela imprensa, o canal emitiu uma breve nota ressaltando que lamenta o ocorrido e defendendo a liberdade de imprensa.

A equipe local da Band, que era composta pelo repórter Matheus Goulart, Moisés e Rogério, fazia gravações no Centro Histórico e um homem entrou no círculo em que estavam os profissionais e agrediu a os funcionários fisicamente. Um deles levou socos, outro caiu no chão e teve os equipamentos quebrados. O agressor tentou fugir, mas foi encontrado e levado pela Brigada Militar. A equipe foi levada para o hospital com ferimentos leves.

Em nota, a Band afirmou que a postura dos manifestantes é inaceitável e disse que tomará as providências cabíveis na esfera judicial. “É inaceitável qualquer tipo de violência, assim como o cerceamento ao exercício do trabalho jornalístico. O devido boletim de ocorrência foi registrado na 2° Delegacia de Polícia. As medidas legais cabíveis foram acionadas”, declarou a empresa.

A equipe da Record, composta pela repórter Daiane Dalle Tese, o cinegrafista Adilson Corrêa e o auxiliar Flávio dos Santos, foi impedida de trabalhar ao ser hostilizada por um homem que gravava as agressões verbais. Diferentemente dos canais concorrentes, o canal não emitiu comunicados sobre a situação ao decorrer da quarta — o caso foi noticiado nos telejornais locais da rede, como o Rio Grande Record, e teve espaço no Fala Brasil na manhã desta quinta-feira (3), mesmo dia em que a emissora finalmente emitiu uma nota de repúdio.

No entanto, a jornalista vítima dos manifestantes fez um relato sobre o ocorrido e prestou solidariedade aos colegas. “Um senhor parou ao meu lado e começou a falar sobre a mídia em geral, que a mídia mentia. Como sempre, não revidamos, estamos na rua para trabalhar, apenas isso. Acredito que ele estava transmitindo uma live e a partir daquele momento, começou a mostrar meu rosto e me chamar de mentirosa”, desabafou.

“Ele dizia: gravem esse rosto, essa pessoa é mais uma que mente. Fui ameaçada e mesmo assim fiquei de cabeça baixa e em silêncio. Ele não falou uma palavra contra os meus colegas homens, apenas contra mim. Eu era a mentirosa, eu estava enganando a população. Outras pessoas foram no embalo e também me xingaram, sem nem mesmo saber o motivo. Pensei que iria ser agredida”, afirmou.

Lucas Abati e o cinegrafista Cristiano Mazoni, do SBT, foram hostilizados por manifestantes. Os profissionais estavam ao vivo pelo SBT Rio Grande, telejornal exibido no horário do almoço, quando foram cercados e obrigados a sair do local. O governador reeleito Eduardo Leite (PSDB) publicou uma nota de repúdio sobre o ocorrido. “Ataques à imprensa são atentados contra a democracia. Os episódios de hoje em Porto Alegre contra as equipes da Band e do SBT, cometidos por quem se recusa a aceitar o resultado das urnas, são inaceitáveis e devem ser repudiados por todos. Minha solidariedade aos profissionais”, declarou o político.

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas disse que repudia os ataques. “O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul – Sindjors – vem a público repudiar com veemência os ataques sofridos por, pelo menos, três jornalistas da capital, que foram impedidos de exercer seu direito ao trabalho”, declarou.

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