A Globo foi condenada pela Justiça a pagar aproximadamente R$ 15 mil a um comerciante que foi alvo de uma reportagem errada exibida no Bom Dia São Paulo. Em março de 2016, o telejornal matinal informou que o homem havia atirado em um motorista que estava disputando um racha e bateu o veículo em sua loja de pneus. “O dono da loja achou que era um bandido tentando entrar e saiu atirando”, reportou o noticioso. Na época, a emissora também divulgou que o motorista foi atingido no pescoço e estava hospitalizado.
O que você precisa saber
- A Globo terá que indenizar um homem alvo de uma reportagem errada exibida no Bom Dia São Paulo;
- O telejornal da líder de audiência acusou um comerciante de atirar em um motorista que estava disputando um racha;
- Ele, no entanto, sequer estava no local em que o acidente aconteceu;
- A emissora foi obrigada a pagar uma indenização de R$ 15 mil ao homem alvo da reportagem errada.
O comerciante entrou com um processo na Justiça e provou que sequer estava no local no momento do acidente – ele estava jogando futebol com amigos. A vítima da informação errada disse na ação que, após a reportagem “mentirosa”, seus clientes desapareceram e o estabelecimento passou a ficar sempre vazio, “sem falar na tristeza de ser apontado como atirador”. “O que houve foi um absurdo, a repórter não pestanejou em acusar o autor [do processo] de forma dura e contundente, sem ter a preocupação de apurar a verdade real dos fatos”, argumentou o advogado Agnaldo Dias Almeida, que representa o comerciante, à Justiça.
Leia mais: Globo faz proposta para contratar jornalistas da ESPN, mas leva porta na cara
Leia mais: Band é condenada pela Justiça por demitir apresentadora grávida
Em sua defesa, a Globo disse que não exibiu o nome ou imagem do comerciante em nenhum momento, assim como também não identificou o estabelecimento. Os representantes da emissora disseram que a informação sobre o disparo contra o motorista havia sido repassada por parentes dele. O canal relatou também que depois atualizou a reportagem, informando que a própria vítima do disparo havia informado à polícia que o atirador era “um homem de bicicleta”. “Foram expostas todas as versões apresentadas. Ao final, foi confirmado expressamente que o dono da loja não teve nada a ver com o incidente”, disse a companhia.
Segundo informações do colunista Rogério Gentile, do UOL, a Globo foi condenada em todas as instâncias e não cabe mais recurso, já que o processo foi transitado em julgado. A rede da família Marinho poderá apenas contestar o cálculo da atualização dos valores, considerando juros e correção monetária. “Não há como negar a conduta inadequada do agente [Globo], publicando informações falsas sobre o autor [do processo] sem ao menos verificar a veracidade das informações obtidas”, escreveu a desembargadora Sílvia Espósito Martinez na decisão. A determinação para o pagamento foi dada pelo juiz Cláudio Salvetti D’Angelo no dia 3 de maio.
