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Caio Coppolla: presepada, presunção e o prejuízo à credibilidade

Caio Coppolla colocou veículos de imprensa em uma saia justa (foto: Reprodução/CNN Brasil)
Caio Coppolla colocou veículos de imprensa em uma saia justa (foto: Reprodução/CNN Brasil)

Se você, caro leitor, clicou pra ler precisamente sobre a treta que Caio Coppolla, o “comentarista político” da CNN se envolveu nos últimos dias, peço perdão. Por mais que seja irresistível contar a história do bacharel em direito que – a julgar pela repercussão na mídia – não sabe interpretar contratos, essa coluna não é só sobre ele.

Apesar disso, em nome da contextualização, permita que eu resuma dizendo que o contratado da CNN teria descolado um novo emprego na sua antiga casa, a rádio Jovem Pan. Ele teria um noticiário pra chamar de “seu” não fosse uma cláusula contratual de exclusividade com a CNN. A emissora originalmente gringa atua também nas ondas do rádio pela Transamérica, o que deixa o conflito ainda mais evidente. Com tantos profissionais qualificados no mercado, a presunção de alguns parece preceder até o bom senso.

O equívoco poderia ter sido resolvido discretamente com um simples “desculpa qualquer coisa”, mas a Jovem Pan chegou a confirmar o reforço do casting em primeira mão a um portal de notícias. E é aqui que começa a Coluna de Segunda hoje.

O jornalismo atento aos bastidores da mídia, televisão e celebridades é sem dúvida o que desperta o maior interesse do público, sendo esta iniciativa do TV Pop a mais recente nesse mundo tão competitivo. São centenas de pautas possíveis todos os dias e nenhum profissional do ramo deve ousar dizer que está imune a erros diante de tanta demanda. Ainda assim, o esforço máximo pela manutenção da ética jornalística é pré-requisito absoluto. Ou deveria ser.

Ao ser contestado por uma fonte diante de uma informação repassada com exclusividade ou em primeira mão, um jornalista, portal de notícias, jornal ou até mesmo os blogs devem “confiar no próprio taco”, ou seja, fazer valer sua credibilidade junto ao público-leitor. Se há credibilidade, nada mais precisa haver. Bastaria ao veículo publicar o desmentido e depois sublinhar ao leitor que mantém as informações publicadas originalmente.

A presepada de Caio Coppolla, ou da Jovem Pan, só perde para o prejuízo à credibilidade do jornalismo atarefado dos bastidores quando uma fonte – seja ela qual for – é exposta sem necessidade.

Ao ser procurado por um assessor de imprensa da Jovem Pan, o portal de notícias recebeu de bom grado o furo jornalístico de que Caio Coppolla assinara contrato com a emissora de rádio, depois publicou a informação. É o que faria qualquer jornalista. Mas com o desmentido da própria Jovem Pan após a história virar polêmica, a ética foi deixada de lado no desespero de provar a verdade.

Não há como discutir: a rádio Jovem Pan e Caio Coppolla erraram do começo ao fim nessa história. Mas um erro não deve ser sobreposto por outro erro. O jornalismo é a busca da verdade sempre e merece uma autoestima mais elevada ao se bastar em sua própria credibilidade.

A história serve como exemplo, claro, até mesmo a este próprio portal e a esta coluna. Ainda cheirando a leite, esta iniciativa deve se ocupar sempre da boa relação com as fontes e confiar na credibilidade creditada pelos leitores.

é pop A divulgação dos participantes do BBB, como era esperado, conseguiu movimentar a mídia e as redes sociais. O mistério em torno dos nomes durou menos tempo até à estreia se compararmos com o costume d’A Fazenda que sempre faz um esforço descomunal – quase inexplicável – para esconder a lista de participantes. O BBB deu sentido ao segredo, mas o revelou ainda a tempo de conseguir gerar interesse mesmo após as revelações.

é flop Capa da revista “Isto É” apresenta o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), segurando de maneira desajeitada um punhado de caixas da Coronavac (uma montagem tosca) enquanto a manchete celebra a persistência do tucano em torno da vacina brasileira. Méritos à parte, a situação pandêmica que vivemos pede um pouco mais do que jornalismo de homenagem.

Josuá Barroso é titular da Coluna de Segunda (com trocadilho!) do TV Pop. Jornalista com ampla experiência em televisão, atuou por mais de doze anos em variadas praças exercendo as funções de repórter, editor, editor-chefe, chefe de redação e gerente de jornalismo. Sem vocação alguma para ser um “alecrim dourado”, analisa a mídia acertando e errando junto. Quem nunca? Siga @JosuaBarroso no Twitter e envie xingamentos (brincadeira, mande mensagens carinhosas) para o colunista por e-mail: [email protected]. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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