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Após demitir autores, Record quer usar novelas para criar “nação cristã”

Cena da novela Os Dez Mandamentos, da Record; emissora quer criar uma “nação cristã” (foto: Reprodução)
Cena da novela Os Dez Mandamentos, da Record; emissora quer criar uma “nação cristã” (foto: Reprodução)

Assim como José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, fez na Globo com pautas sociais nos anos 70 e 80, a Record pretende usar a audiência das novelas bíblicas para induzir o telespectador a comprar pautas evangélicas e conservadoras da Igreja Universal do Reino de Deus. As informações são do jornalista Daniel César, do site NaTelinha.

De acordo com a publicação, a intenção de Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo e diretora de dramaturgia, é usar os folhetins evangélicos para criar uma “nação cristã”. Uma fonte revelou que a decisão foi tomada há tempos e que a emissora está fazendo ajustes para isso, como por exemplo, a demissão de autores e roteiristas sem ligação com a instituição religiosa.

Na visão de Cardoso, apenas evangélicos podem escrever os textos das novelas de forma a não parecer forçado ou didático. A diretora de Record pretende aprovar sinopses de histórias contemporâneas em que parte significativa dos personagens seja evangélica ou viva de acordo com os preceitos da religião.

Ainda segundo o NaTelinha, a Record se posicionará de forma clara sobre assuntos sensíveis para a igreja nas novelas, não permitindo que existam pensamentos diferentes dos evangélicos nas histórias. As tramas da emissora vão abordar temas como ideologia de gênero e liberação das drogas alinhados com a ideologia pregada pela Igreja Universal.

Record demite autores sem ligação com a Igreja Universal

A Record decidiu que não vai renovar o contrato com os autores Camilo Pellegrini, de Gênesis (2021), e Paula Richard, das tramas O Rico e o Lázaro (2017) e Jesus (2018). De acordo com informações do site Notícias da TV, do UOL, a emissora continuará produzindo folhetins bíblicos e vai apostar em roteiristas novatos, mais alinhados aos preceitos da instituição religiosa.

Em seu perfil nas redes sociais, Pellegrini falou sobre sua saída da emissora. “Queridos, estou saindo da Record no mês que vem, na pista de novo. Fui feliz lá, muita experiência e algumas vitórias, mas confesso que estou animado para escrever sobre outras coisas”, escreveu no Twitter.

A demissão do autor causou estranheza nos bastidores da Record porque ele foi responsável pela quinta fase de Gênesis, a Jornada de Abraão, até então a de maior audiência da novela. Richard estava escalada para escrever a trama sobre o rei Salomão para o segundo semestre de 2022, mas foi dispensada depois da ascensão de Raphaela Castro, considerada um dos braços direitos de Cristiane Cardoso. Castro já trabalha nos textos de Reis.

Cardoso ocupa atualmente o cargo de diretora de dramaturgia, mas já corrige os textos das novelas da emissora na surdina desde 2015. Ela é responsável não só pela qualidade dos textos, mas também por garantir que eles estejam alinhados com a ideologia pregada pela Igreja Universal. O grupo de autores não-alinhados com a IURD dentro da Record reclama de “censura” e “intervenção”.

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