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POSICIONAMENTO

Globo detona Jair Bolsonaro em editorial no Jornal Nacional

Imagem com foto de editorial do Jornal Nacional
William Bonner e Renata Vasconcellos na bancada do Jornal Nacional; Globo divulgou editorial sobre ataques de Jair Bolsonaro contra vacinação de crianças (foto: Reprodução/Globo)

A Globo divulgou na noite desta quinta-feira (6) um editorial no Jornal Nacional depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pelo aval à vacinação de crianças contra a Covid-19. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o político disse que a agência virou “dona da verdade” para tomar esse tipo de decisão, ainda que chancelada por estudos científicos.

“Anvisa agora virou… Não vou comparar com um Poder aqui no Brasil, mas virou outro Poder. É a dona da verdade em tudo”, reclamou o presidente. “Já se fala agora na dose de reforço para crianças de 5 a 11 anos. A própria Anvisa, para tirar o dela da reta, orienta aos pais cujos filhos apresentem dores no peito, falta de ar ou palpitações após aplicação da vacina a procurarem um médico”, continuou Bolsonaro.

“Pai e mãe, você que tem filho de 5 a 11 anos: a vacina [contra a covid-19] não é obrigatória. Eu adianto a minha posição: a minha filha de 11 anos não será vacinada. Se você quer seguir o meu exemplo, tudo bem; se não quer, é direito seu. Você pode vacinar seu filho tão logo essas vacinas da Pfizer sejam disponibilizadas”, disparou ele.

No Jornal Nacional desta quinta-feira (6), a Globo divulgou o seguinte editorial:

“As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as mortes de crianças por Covid afrontam a verdade e desrespeitam o luto de milhares de brasileiros – parentes e amigos das mais de 300 vítimas de 5 a 11 anos.

O presidente também desrespeita todos os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao questionar qual seria o interesse da Anvisa com a autorização da vacinação de crianças. O interesse da Anvisa está expresso na lei que a criou: coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, em defesa da saúde da população.

O 4º artigo da lei determina que a agência atue como entidade administrativa independente e que as prerrogativas necessárias ao exercício adequado de suas atribuições sejam asseguradas. Não é isso que o presidente tem feito ao ameaçar divulgar nomes de integrantes da Anvisa que aprovaram a vacinação infantil. E, agora, ao questionar a lisura do órgão.

Por fim, as declarações do presidente Jair Bolsonaro contrastam com aquilo que prevê o artigo 196 da Constituição que ele jurou respeitar: a saúde é direito de todos os cidadãos – e dever do Estado.

O governo Bolsonaro retardou a decisão sobre as vacinas para crianças desde o dia 16 de dezembro de 2021 até quarta-feira (5), data limite imposta pelo Supremo Tribunal Federal. Convocou uma consulta pública estapafúrdia, porque remédios não podem ser aprovados pelo público leigo, mas por cientistas.

Em razão dessa demora, as famílias brasileiras têm ainda que aguardar ao menos mais sete dias até a chegada das primeiras doses pediátricas.

Como se não bastasse, nesta quinta-feira (6), ele insistiu em atacar as vacinas. O presidente Jair Bolsonaro é responsável pelo que diz, pelo que faz. Espera-se que venha também a ser responsável por todas as consequências daquilo que faz e diz”.

A vacinação do público infantil contra a Covid-19 foi autorizada pela Anvisa no dia 16 de dezembro de 2021. Para chegar a essa decisão, a agência analisou um estudo com 2.250 crianças que comprovou que o imunizante da Pfizer é seguro e eficaz, com benefícios que superam os riscos. No entanto, Bolsonaro sempre se manifestou contra a vacinação, tanto de crianças quanto de adultos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou nesta quinta (6) que entre os pacientes graves em todo o mundo, 80% não foram vacinados.

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