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Paramount+: uma montanha de entretenimento completamente vazia

Versão brasileira do Paramount+ promete muito e entrega pouco (foto: Reprodução/CBS)
Versão brasileira do Paramount+ promete muito e entrega pouco (foto: Reprodução/CBS)

A ViacomCBS, empresa dona das marcas Paramount, MTV, Nickelodeon, CBS, Showtime entre outras, decidiu reunir todo o seu conteúdo em um só streaming, o Paramount+. Nos Estados Unidos, foi uma evolução natural para o já lançado CBS All Access: além da inclusão de mais conteúdos, há como assistir ao vivo aos canais do grupo e diversos torneios esportivos, dentre eles Campeonato Brasileiro. No Brasil, o serviço promete mais de cinco mil horas de conteúdo e custará pouco menos de R$ 20.

O streaming é a atual montanha de dinheiro das distribuidoras e, como falado, o novo serviço é a evolução do CBS All Access. Concentrar todo o seu conteúdo em um único local pode aumentar o número de assinaturas, além, é claro, de reuinr todo o conteúdo que eles tinham em mãos como a trilogia O Poderoso Chefão e séries atuais de sucesso como Star Trek Discovery.

No entanto, enquanto outras empresas como Disney e Warner esvaziaram seus competidores – pegando seus conteúdos para fazer um lançamento especial — a Viacom não retirou suas produções de outros streamings (que serão citados abaixo) para lançar o serviço fora dos Estados Unidos. A empresa licenciou diversos conteúdos para canais e outros streamings e podemos dizer que até esvaziou seu catálogo. A série da franquia Star Trek citada acima, por exemplo, é vendida como uma série original Netflix em sua distribuição internacional.

No Brasil, além suas principais séries estarem no Prime Video (como The Good Fight) e no Globoplay (como Evil e Seal Team), houve a falta de uma curadoria maior em pegar conteúdos mais antigos e completos logo em sua estreia. Na aba Nickelodeon, por exemplo, nota-se a falta de séries mais antigas como Zoey 101, Drake & Josh e Kenan & Kel, que poderiam atrair mais assinantes. A aba Showtime tem apenas dez séries. E diante de tudo isto, há a falta de temporadas. Os Padrinhos Mágicos, por exemplo, tem apenas a sua sétima temporada disponível para os assinantes brasileiros da plataforma.

Além da falta de conteúdo mais antigo da corporação, não foram inclusas séries que sequer estrearam no Brasil. O drama legal All Rise, no ar desde 2019, é um desses exemplos. Conversando com outras pessoas, percebe-se também a falta dos realities do grupo, como Survivor, Big Brother e a franquia Drag Race (que tem a série-mãe e um de seus spin-offs também distribuídos internacionalmente como originais da Netflix).

E não posso terminar de falar do Paramount+ sem comentar a aba MTV. A marca até 2013 era de posse da Abril aqui no Brasil, sendo responsável pela produção de diversos programas clássicos e os incríveis acústicos durante sua existência. Com a volta dos direitos para a Viacom, esse conteúdo até o momento está perdido, e deixa a aba do finado canal de música mais triste ainda. A seção possui apenas realities como Jersey Shore, De Férias com o Ex e Adotada. Na Argentina, o serviço conta com acústicos locais, como o de Alejandro Sanz.

Infelizmente, neste momento o Paramount+ não contém nada que faça nossos olhos brilharem para assinar o serviço. Até o “canal” da empresa inserido como adicional ao Prime Video, e com o mesmo preço, parece ter mais conteúdo.  Não só para o Brasil, como toda a América Latina, a Viacom poderia esperar mais alguns meses para agregar mais conteúdos – como os acústicos disponíveis em outros países da América Latina – e globaliza-los com a oferta de legenda e dublagem, algo que a Netflix faz com todo seu conteúdo original.

Mateus Ribeiro é engenheiro por formação, e nas horas vagas se diverte maratonando séries e assistindo programas de origem duvidosa da televisão brasileira. No TV Pop, escreve semanalmente sobre as séries produzidas pela indústria norte-americana. Converse com ele pelo Twitter @omateusribeiro. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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