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ANÁLISE

Record inova com soluções comerciais, mas para no tempo no Jornalismo

Alarico Naves é o atual superintendente Comercial da Record
Alarico Naves assumiu a superintendência comercial da Record em dezembro (foto: Reprodução)

Consolidada na vice-liderança de audiência no Painel Nacional de Televisão, a Record tem se esforçado nos últimos meses para provar ao mercado publicitário que é uma opção tão (ou até mais) viável do que as suas concorrentes. Desde a nomeação de Alarico Naves como superintendente comercial, em dezembro do ano passado, a emissora tem se dedicado a passar uma nova imagem para as agências de publicidade, com a criação de novos modelos de comercialização e ampliando o espaço dedicado para marcas em produtos estratégicos, como A Bíblia e o Jornal da Record.

Nas últimas semanas, o principal telejornal do canal passou a ter intervalos de apenas 30 segundos posicionados em seus momentos de maior audiência, como parte de uma estratégia feita para potencializar a visibilidade do anunciante. A mudança é um contraste nítido com a metodologia praticada pela antiga gestão da rede, que era conhecida justamente por concentrar a exibição de um grande número de anúncios nos momentos de pior performance das atrações — não era raro que todos os breaks fossem ao ar sequencialmente, no início ou fim do horário dos programas.

Desde o início da gestão de Naves, remanejado da filial brasiliense do canal, a Record passou a sinalizar para o mercado de que a sua nova prioridade era a satisfação do anunciante. Boa parte do êxito comercial das transmissões dos campeonatos Paulista e Carioca neste ano se deve justamente aos esforços do novo executivo, que ampliou a visibilidade dos patrocinadores na comparação com 2020, em que a aquisição do Cariocão foi marcada por uma imensa desorganização, em que a emissora tentou cobrar as próprias afiliadas para poderem exibir o torneio de futebol.

Em sua movimentação mais recente, o novo superintendente comercial promoveu a contratação de Lota Ferraz: com passagens por empresas como Claro, LG, Nike, Viacom e Disney, a executiva estava na Band desde novembro de 2020 e respondia pela diretoria de planejamento e marketing. Ela se despediu da emissora na sexta-feira (4) e começará a dar expediente na nova casa já nos próximos dias, com a missão de reestruturar o departamento de Comunicação.

As inovações e mudanças, no entanto, não se traduzem nos demais setores da Record: em seu departamento de Jornalismo, a emissora está parada no tempo. Os jornalísticos matinais do canal foram transformados em uma máquina de moer talentos, com nove apresentadores passando por um só telejornal em apenas quatro anos. Na faixa da tarde, uma simples reprise de novela fez com que o Balanço Geral fosse destruído na disputa pela preferência do público na hora do almoço. O Cidade Alerta, por sua vez, não repercute e disputa aos tapas com novelas mexicanas.

A situação não é diferente nos principais programas jornalísticos da rede. Desinteressante e ultrapassado, o Jornal da Record só é vice-líder em sua faixa horária por conta da falta de interesse de Silvio Santos em promover investimentos no SBT Brasil, sucateado com dois apresentadores quase desconhecidos para o grande público. Os boletins do telejornal são insossos e nada trazem de novo ao público: as quatro edições espalhadas pelo dia só tem notícias velhas, com poucas entradas ao vivo. O Domingo Espetacular e seu cenário digno do filme Matrix dispensam comentários.

A precariedade também é nítida no departamento de Programação. Incontáveis decisões beiram o inexplicável, como a manutenção de Rodrigo Faro após as transmissões de futebol mesmo com índices vexatórios de audiência, e a insistência em ter quatro sessões de filmes fixas sem ter produções o suficiente para isso. Em apenas dois meses de 2022, a emissora já esgotou o seu estoque de longa metragens e passou a exibir os mesmos filmes em loop infinito. Bad Boys e Resident Evil, por exemplo, já devem ter sido transmitidos mais vezes do que o exaurido Chaves.

A Record já percebeu que tinha muito mais potencial comercialmente. Resta saber quando ela perceberá que pode ser ainda mais relevante com um Jornalismo moderno e uma programação que seja realmente competitiva.

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