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Fefito abre o jogo e rebate notícias falsas sobre colegas da Gazeta

Em entrevista ao TV Pop, Fefito contou sobre os seus próximos desafios profissionais (foto: Reprodução/TV Pop)
Em entrevista ao TV Pop, Fefito contou sobre os seus próximos desafios profissionais (foto: Reprodução/TV Pop)

O jornalismo é uma caixinha de surpresas. E a entrevista da semana prova exatamente isso. No final de fevereiro, o TV Pop foi até os estúdios da Gazeta e conversou com exclusividade com Fernando Oliveira, o Fefito. Naquela época, nem ele mesmo imaginava que a sua trajetória profissional iria mudar mais uma vez: depois de um ano como um dos colunistas mais lidos do UOL, o jornalista recebeu uma proposta para mudar de ares. Nos próximos dias, ele fará a sua estreia como colunista e diretor de Redação de um reformulado Buzzfeed Brasil.

“A linha editorial do Buzzfeed é muito cristalina e o veículo não tem medo de se posicionar sobre questões importantes, mas, para além disso, há uma qualidade fundamental: linguagem própria, leve e de fácil entendimento. O excesso de formalidade pode ser uma pedra no sapato do leitor e nossa relação com a audiência tem de ser de proximidade. Vamos apostar em pilares importantes para o brasileiro, como televisão, mundo geek e celebridades, mas sem deixar de lado um olhar social sempre engajado em questões de direitos humanos e diversidade”, contou.

Além do novo desafio, Fefito continuará dando expediente na Gazeta. O jornalista, que está em férias, voltará ao ar na emissora paulistana no dia 19 de abril e seguirá comandando o Fofoca Aí, além de colaborar também com o Mulheres — e na entrevista ao TV Pop, ele desabafou sobre uma série de fake news que envolveram os programas e os seus colegas de trabalho após uma reformulação no quadro de funcionários da empresa.

“Eu vi uma notícia de que o Leão chegou aqui exigindo camarim exclusivo. Olha, que loucura! Eu batalhei durante o último mês inteiro para ter um camarim maior para dividir todo mundo e até para ter um espaço pra eu trabalhar na coluna quando o programa estivesse no ar. Deram um camarim para todo mundo, o camarim que era exclusivo do Leão Lobo é um camarim de quatro pessoas. Eu não sei, algumas pessoas gostam de falar mal por falar, outras pessoas gostam de falar porque não gosta de mim e outras esquecem de fazer o básico que é ligar e perguntar se é verdade. Meu telefone não é difícil de conseguir”, desabafou.

A seguir, assista ao vídeo do bate-papo de Fefito com o repórter Deivisson Santos na íntegra. Se preferir, confira a versão transcrita da entrevista logo depois do player localizado abaixo deste parágrafo. Aproveite e se inscreva no canal do TV Pop no YouTube para saber em primeira mão (mesmo!) tudo que acontece no universo da televisão e das celebridades!


TV Pop: Dessa vez a gente vai entrevistar o Fefito e eu confesso que a gente tem que manter o lado profissional, mas o meu lado fã vai gritar um pouquinho dentro de mim porque eu realmente te acompanho, acompanho você nas suas redes sociais, gosto muito dos seus textos, da maneira que você trabalha os textos e da maneira que você levanta a bandeira LGBTQIA+ e que é muito representativa para nós que estamos aqui. Muito obrigado por ceder um pouquinho do seu tempo para falar com a gente.
Fefito: Ai, brigado! Que mal gosto, gente! Quando alguém fala isso, eu fico assim [sem jeito], mas eu acho real que a gente tem que levantar bandeiras porque na vida quando a gente passa por um monte de coisas como eu já passei, se a gente não fala sobre o que a gente vive, a gente não muda a vida de quem está ao nosso redor. Quando a gente sai do armário, a gente muda a vida de quem está ao nosso redor e todo mundo sai do armário junto. Todo mundo é o amigo do gay, pai do gay, mãe do gay e todo mundo sai do armário junto.

Eu acho que tá todo mundo precisando sair do armário nesse país. No sentido de se afirmar como pessoas tolerantes. Acho muito louco isso porque logo que eu comecei a fazer televisão, as pessoas me colocavam em caixinhas, sabe? Eu só podia fazer fofoca. Parece que a gente tinha dois expoentes LGBTs e nada contra eles, amo inclusive, mas ou você era o Clodovil ou você é o Leão Lobo e existem sempre novas vias. O Leão, aliás, é um gay que é um militante de carteirinha e que viveu durante muito tempo coisas incríveis e corajosas nos anos 70 e 80, mas eu acho que não tem como estar no mundo hoje em dia, sem a gente se afirmar politicamente.  Quando eu digo sobre se afirmar politicamente, não é nem declarar voto. É dizer: sou, mereço direitos e mereço ser respeitado.


Você falou do Leão Lobo e não tem como fazer essa entrevista sem citá-lo, você trabalha agora junto com o Leão Lobo e como é pra você ser a nova geração, com todo o respeito com a história do Leão, e ele que trouxe toda essa trajetória e abriu portas para nós estarmos aqui hoje fazendo o que a gente faz.
Eu fico bobo com o Leão toda vez, sabe? Todo dia o Leão tem alguma história muito incrível para contar. Ele fala da boate que ele fazia assessoria nos anos 80, das vezes que ele teve que correr da polícia, tem umas histórias meio proibidonas e famosas que eu adoro. Eu acho louco porque quando o meu pai teve uma graninha a mais, eu sou do Nordeste, né? E ele colocou uma DirecTV em casa e a Gazeta começou a pegar em Natal, onde eu morava, eu sou do Recife, mas morava em Natal nessa época. Eu assistia todas as tardes o Mulheres e eu falei isso pra ele…

De repente a minha vida dá um 180° e eu tô fazendo o que ele fazia, depois eu estou trabalhando com ele e eu acho massa. Na verdade, eu admiro muito o Leão. Ele foi no Estação Plural [programa que passava na TV Brasil e estreou em 2016] que eu fiz questão de ter ele como convidado. O Leão tem uma história que precisa ser contada e que pouca gente conhece. As pessoas estão acostumadas a verem ele contando histórias, mas não sabem muito da história dele e é muito incrível.


Como você faz para lidar porque você tem a agenda cheia. Você falou nos bastidores que tá fazendo curso, trabalha, escreve e tem a TV. Como é que você lida com tudo isso? Como você tira tempo para o Fefito pessoa?
Acho que o meu tempo é o meu trabalho. Eu sempre brincava que não tinha tempo para ficar bicha deprimida não porque eu tenho que pagar plano de saúde de pai, mãe e vó. Eu faço isso de fato. Eu me dedico ao meu trabalho bastante e minha rotina é basicamente acordar, acabar o roteiro do Fofoca Aí que eu faço o roteiro do programa, venho para apresentar e enquanto isso eu tô fazendo a coluna no UOL, tô respondendo mensagens, antes de entrar no Mulheres eu corro para o camarim para subir nota na coluna e agora de manhã e a noite eu tenho aula de mestrado e além de tudo tem que dar atenção para o boy. Dá pra fazer, mas assim… tempo pra mim, é difícil.

Às vezes, tem aquelas semanas, que você pensa: nossa, só queria ficar quieto, dormindo e fazendo nada. Tem dias que eu adoro ser inútil ao meu país. Tem sábados que eu quero ficar fazendo nada. É muito louco porque a gente se cobra muito. A gente é o tempo todo cobrado por ser gay, a gente tem que ser melhor do que as pessoas esperam e eu ainda tenho um pouco dessa síndrome de culpa e de fraude, sabe? Às vezes você vai lá, senta e escreve um texto e pensa que não deveria ter feito isso, deveria ter feito de outro jeito e tal… Acontece! Muito!

Quando a gente tá focado em mil coisas ao mesmo tempo não tem como a gente estar focado 100% em tudo, mas eu sou muito orgulhoso da minha trajetória. Se eu olhasse para aquela criança que ficava brincando de Xuxa e querendo ser apresentador de TV, levando puxão de orelha do pai porque estava cansado da música da Xuxa, eu acho que ela [criança] estaria muito orgulhosa hoje em dia.


Vamos falar um pouco de opinião, Fefito? Quando você coloca as suas opiniões nos textos, como é que você lida depois com a repercussão e a responsabilidade? Como você lida com as pessoas que tem opiniões diferentes da sua? Suas opiniões são bem fortes, bem-posicionadas e são bem claras.
Eu tô longe de ser uma Lumena [do BBB 21], embora muita gente ache que eu sou a Lumena. Eu acho que o mimimi é importante mesmo. Acho que a gente tem que pensar em coisas e problematizar. Se ninguém chama determinados assuntos a luz, eles não acontecem na sociedade e não são discutidos. Se as pessoas achassem que não dá pra colocar um gay na TV, que não dá para falar de negritude, que não dá para falar mesmo de assuntos muito sérios e que viram caso de polícia, a gente não discute, não melhora e não aprende a lidar com eles. Eu não tenho o mínimo problema em dar a minha opinião e outro dia eu vi uma publicação em uma rede social que era assim: A gente precisa aprender a lidar com quem não gosta da gente. É isso, não ser gostado é parte da vida. Eu aprendi a ser odiado.

Eu falo isso muito de boa, não acho que as pessoas me odeiem de verdade, mas eu aprendi a ser odiado porque na minha época na Jovem Pan, eu sofria. Tinham dias que eu acordava e meu nome estava nos trending topics mundiais antes mesmo de eu abrir os olhos. Você ia ver e era gente me xingando, torcendo para qualquer figura conservadora e extremista me dar alguma resposta quando fosse no programa… Depois que você tem endereço jogado nas redes sociais, vídeos circulando com o seu endereço de casa, sua mãe sendo ameaçada, seu namorado sendo ameaçado, recebe ameaças de morte e depois que você começa a ser xingado por uma galera e de televisão, inclusive, e por uma galera anônima…

Você entende que não precisa agradar todo mundo não. Você precisa ser fiel a suas convicções porque eu, de verdade, não acho que eu falo nada que vá além do que deva ser dito. O que eu digo é que pessoas LGBT, pessoas pretas e mulheres precisam ter os mesmos direitos que os outros. Ninguém precisa viver igual, a gente é diferente entre a gente, mas a gente precisa ter o mesmo respeito e o mesmo nível de direitos. Nem todo mundo tava pronto pra essa discussão, o que eu acho muito louco, né? Pra mim isso é tão óbvio, não sei… A quem ache que dar direito pra alguém, é tirar direito do outro e pra mim é equiparar as coisas.


É diferente o universo de quem está te assistindo para quem está lendo você?
Não, antes eu achava que sim, quando eu entrei na TV, eu acho que virei uma caricatura gay, eu brincava muito e eu esqueci que eu era jornalista e eu virei meio que um chaveirinho. Hoje em dia, eu acho que não. Hoje em dia, eu acho que eu consegui equilibrar melhor. Eu tenho algumas crises, volta e meia tem alguém xingando a minha voz, a minha dicção, meu sotaque, tem gente que acha que eu forço meu sotaque, que eu falo muito rápido, que a minha voz é muito fina, mas aí eu fico pensando quantas bichas afeminadas tem na televisão? Pouquíssimas, né? Se eu deixo de falar fino e vou fazer fonoaudióloga pra ficar grosso, eu tô atendendo a um pedido dos outros ou um pedido meu?

Toda vez que eu tô na rua e me param para falar que vó aceitou por minha causa, que a mãe aceitou por minha causa, eu vejo que alguém é o extremo e eu sou afeminado mesmo, eu reconheço, acaba ajudando os outros. Eu tô meio que acostumado a ser vidraça, nesse sentido. Volta e meia eu me deparo com gente falando mal de mim e que nem me conhece. Gente que fala mal de mim porque eu não fui tomar um café com ela. Eu não posso falar nada, sabe? Eu sei das coisas que eu vivo. Outro dia eu vi uma nota que me mandaram e eu fico meio passado com coisas que surgem porque dizia que eu persigo fulano, porque meu sonho é ter um programa de fofocas sozinho e, por isso, eu vivo pedindo para a direção fazer coisas. Eu fico me perguntando: se eu sou tão poderoso a ponto de pedir cabeça de gente… Por que eu não realizei o meu sonho que é ter um programa de fofocas sozinho ainda? Ou como alguém sabe que esse é o meu sonho? Não é, nunca foi! Nunca quis fazer fofoca na minha vida. Meu sonho é bem outro.


Qual o seu sonho, então?
Cara, eu tenho dois sonhos. Na televisão hoje em dia eu queria apresentar um programa igual o programa livre do Serginho Groisman, já que é pra fazer mimimi, vamos fazer mimimi enquanto a Pabllo Vittar rebola a raba ali atrás, ia ser mais divertido. Além disso, tem um reality show da Netflix que eu adoro que é um reality show de privação do sono e eu queria apresentar esse negócio que é tipo um Show do Milhão com privação do sono. Acho muito a minha cara, eu ia maltratar muito as pessoas. Eu também não ligo, fala mal, tá ótimo! A Madonna diz que não tem má publicidade e eu vou com a Madonna. Acha que eu vou ficar respondendo gente que nem sabe o que está falando?

Outro dia eu vi uma notícia e o Leão foi muito vítima disso… Eu vi uma notícia de que o Leão chegou aqui exigindo camarim exclusivo. Olha, que loucura! Eu batalhei durante o último mês inteiro para ter um camarim maior para dividir todo mundo e até para ter um espaço pra eu trabalhar na coluna quando o programa estivesse no ar. Deram um camarim para todo mundo, o camarim que era exclusivo do Leão Lobo é um camarim de quatro pessoas. Eu não sei, algumas pessoas gostam de falar mal por falar, outras pessoas gostam de falar porque não gosta de mim e outras esquecem de fazer o básico que é ligar e perguntar se é verdade. Meu telefone não é difícil de conseguir. Quem quer saber sobre mim, sobre meu sonho… Pode me ligar e eu digo, não tem nenhum problema. Eu não tenho papas na língua não, se eu gosto eu falo. Tá na minha cara, eu sou muito transparente, eu vou passar pano?

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