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CASO DO ANESTESISTA

Jovem Pan é denunciada no MP por exibir imagens de estupro sem tarjas

Imagem com foto do anestesista Giovanni Quintella Bezerra
O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra; Jovem Pan foi denunciada por exibir imagens de crime sem tarjas ou filtros (foto: Reprodução)

A Jovem Pan foi denunciada ao Ministério Público do Estado de São Paulo por exibir, sem tarjas ou filtros, o vídeo em que o anestesista Giovanni Quintella Bezerra estupra uma mulher durante o parto. A denúncia foi protocolada pelo Coletivo Mulheres em Movimento, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), na última quarta-feira (13). Diferentemente de outros veículos de imprensa, que desfocaram e borraram a cena, o grupo de mídia exibiu as imagens na íntegra durante o Jornal Jovem Pan da noite de segunda-feira (11).

“Ao fazê-lo de maneira insensível e oportunista, a equipe da Jovem Pan pode ter incorrido no crime de divulgação de cena de estupro de vulnerável, punido no Código Penal, na medida em que optou por não utilizar qualquer tipo de recurso que impedisse a visualização do rosto da vítima”, diz trecho da representação apresentada ao MP. De acordo com a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a Jovem Pan diz que, mesmo sem o uso do blur [efeito borrado], as “imagens exibidas não revelam a identidade e a imagem da vítima, além de não mostrarem explicitamente o ato violento”.

“Desde que o caso foi revelado, a Jovem Pan adotou os cuidados necessários para exercer o trabalho de informar e preservar os direitos da vítima, como é praxe em situações como essa”, completa a emissora em comunicado (leia a nota na íntegra no fim deste texto). Para Ediane Maria, coordenadora estadual de São Paulo do MTST, com a exibição da cena do crime sem tarjas, a mulher sofreu duas violências. “A provocada pelo médico e a da exposição da sua imagem. A gente não vai tolerar que o jornalismo não tenha o cuidado de como vai divulgar as suas notícias. Queremos que a Jovem Pan seja punida por esse crime”, afirmou.

Segundo especialistas, mesmo que com o rosto da paciente borrado, a divulgação pública da cena do estupro pode ampliar os traumas da vítima. Na manhã de quarta (13), um grupo de mulheres do MTST protestou em frente à sede da emissora, na avenida Paulista, região central de São Paulo. O grupo se manifestou pela cassação do registro profissional do médico e pediu punição para a Jovem Pan. “Nós não iremos aceitar nenhum tipo de violência nos nossos corpos. Nós não vamos ser silenciadas. Vamos continuar resistindo”, completou Ediane.

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso depois que funcionários do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, município na Baixada Fluminense, gravaram o profissional colocando o órgão íntimo na boca da paciente durante o parto, no domingo (10). A Polícia Civil investiga ainda 30 possíveis casos de estupro de pacientes do médico. O número representa o total de procedimentos cirúrgicos que contaram com a participação do anestesista. Na quinta (14), uma das mulheres que foram atendidas pelo médico foi à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) para prestar depoimento.

Leia na íntegra o posicionamento do grupo de mídia Jovem Pan sobre a cobertura do caso de estupro durante parto no Rio de Janeiro:

Na última segunda-feira, dia 11, o Jornal Jovem Pan exibiu reportagem sobre o absurdo caso de estupro cometido pelo médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra. Destaque-se que, diante de tão monstruoso relato e fato, é quase impossível que as palavras expressem o total repúdio do GRUPO JOVEM PAN. Na ocasião, foi exibido trecho de vídeo gravado pelos denunciantes do crime. As imagens, que foram também exibidas por outros veículos de imprensa, mostram o abusador próximo à vítima, que em momento nenhum é identificada, ao contrário do que foi noticiado por alguns portais de notícias. O vídeo também mostra que as alegações feitas pelos colunistas de portais de notícias de que a Jovem Pan teria feito apologia ao estupro e à violência contra a mulher não têm o menor fundamento, são frutos de ilações sem qualquer propósito.

Desde que o caso foi revelado, a Jovem Pan adotou os cuidados necessários para exercer o trabalho de informar e preservar os direitos da vítima, como é praxe em situações como essa. A Jovem Pan galgou seu elevado grau de credibilidade como consequência do irrestrito respeito à ética e aos valores sociais, morais e do respeito às boas práticas do jornalismo. Reiteramos que a Jovem Pan repudia com veemência o ato criminoso e confia que as autoridades cumprirão com o dever de investigar e punir o responsável pelas atrocidades denunciadas, garantindo assim que as vítimas consigam o devido reparo na justiça. Sobre as afirmações mentirosas dos portais de notícias, nossa resposta seguirá a via judicial.

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