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Jornal Nacional muda abertura após Brasil alcançar 500 mil mortos na pandemia

Jornal Nacional foi exibido com abertura diferente neste sábado (19) (foto: Globo/Reprodução)
Jornal Nacional foi exibido com abertura diferente neste sábado (19) (foto: Globo/Reprodução)

William Bonner e Renata Vasconcellos começaram a edição deste sábado (19) do Jornal Nacional sem a tradicional música do jornalístico da Globo. Na escalada, os apresentadores, que vestiam figurinos pretos para representar luto, anunciaram a triste marca de 500 mil mortes causadas pelo vírus da crise sanitária. “Sábado, 19 de junho”, iniciou Bonner. “A pandemia mata meio milhão de brasileiros”, completou Renata. Na sequência, o telejornal exibiu as manchetes do dia, seguida pela abertura, dessa vez com a câmera fazendo o caminho inverso na redação da Globo no Rio de Janeiro. Um vídeo relembrando as vítimas da Covid-19 foi exibido logo depois.

“É muito comum se ouvir que os números falam por si. Mas também é verdade que eles não dizem tudo. 500 mil vidas brasileiras perdidas na pandemia significam milhões de pessoas enlutadas pela ausência de um parente ou de um amigo. Milhões. Os números da pandemia e da vacinação. As reações das autoridades dos três poderes. De governistas e de oposicionistas. E os atos públicos em todos os estados e no Distrito Federal. Você vai ver ainda nesta edição do Jornal Nacional”, avisou Bonner, antes de começar as outras notícias do dia.

Durante a edição, o Jornal Nacional exibiu reportagens com críticas ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) pela demora na compra de vacinas e pela postura negacionista no tratamento da pandemia, além da insistência em apostar em medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19. O telejornal também destacou os protestos contra Bolsonaro que aconteceram neste sábado em todos os estados e no Distrito Federal. No fim da edição, antes do encerramento, a Globo divulgou um editorial sobre as 500 mil mortes pela doença.

Nas redes sociais, telespectadores reagiram ao Jornal Nacional deste sábado. “Jornal Nacional começou sem trilha na escalada, abertura ao contrário e uma menção às 500 mil mortes pela Covid-19 com um mini editorial de cara de Bonner. As notícias mais factuais, como esporte e previsão do tempo já no primeiro bloco…”, comentou o jornalista Victor Pinto. “Cobrindo as manifestações, o JN mostrou imagens áreas dos nove quarteirões da Paulista ocupados pelos manifestantes. Ao final, frisou que as manifestações foram pacíficas, mas que, ao término, ‘vândalos’ quebraram vidraças”, disse Ricardo Fraga. “Nossa, a abertura do JN agora, me arrepiei todo. 500 mil ausências”, contou Matheus Vitorino.

Leia na íntegra o editorial da Globo divulgado no Jornal Nacional deste sábado (19):

Em agosto de 2020, quando o Brasil ultrapassou o registro escandaloso de 100 mil mortes pela Covid, o Jornal Nacional se manifestou sobre essa tragédia num editorial. Parecia que o país tinha superado um limite inalcançável, 100 mil mortos. Neste sábado (19), são 500 mil. Meio milhão de vidas brasileiras perdidas.

O sentimento é de horror e de uma solidariedade incondicional às famílias dessas vítimas. São milhões de cidadãos enlutados.

Hoje, é evidente que foram muitos – e muito graves – os erros cometidos. Eles estão documentados por entrevistas, declarações, atitudes, manifestações.

A aposta insistente e teimosa em remédios sem eficácia, o estímulo frequente a aglomerações, a postura negacionista e inconsequente de não usar máscaras e, o pior, a recusa em assinar contratos para a compra de vacinas a tempo de evitar ainda mais vítimas fatais.

No editorial que marcou as 100 mil mortes, nós dissemos que era preciso apurar de quem é a culpa. Dissemos textualmente que esse momento chegaria.

Desde o início de maio, o Senado está investigando responsabilidades. Haverá consequências. E a mais básica será a de ter levado ao povo brasileiro o conhecimento sobre como e por que se chegou até aqui.

Quando todos nós olharmos para trás, quando nos perguntarem o que fizemos para ajudar a evitar essa tragédia, cada um de nós terá a sua resposta. A esmagadora maioria vai poder dizer, com honestidade e com orgulho, que fez de tudo, fez a sua parte e mais um pouco.

Nós, do Jornalismo da Globo, estamos há um ano e meio, com base na ciência, cumprindo o nosso dever de informar, sem meias palavras. Muitas vezes nós pagamos um preço por isso, com incompreensões de grupos que são minoritários, mas barulhentos. Não importa. Nós seguimos em frente, sem concessões. E seguiremos em frente, sem concessões.

Porque tudo tem vários ângulos e todos devem ser sempre acolhidos para discussão. Mas há exceções. Quando estão em perigo coisas tão importantes como o direito à saúde, por exemplo. Ou o direito de viver numa democracia. Em casos assim, não há dois lados. E é esse o norte que o Jornalismo da Globo continuará a seguir.

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