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Sem dinheiro, Globo corta gastos e faz apresentadores dividirem cama com pulgas

Foto da jornalista Natuza Nery, apresentadora da Globo
Natuza Nery é a apresentadora do Central GloboNews: integrantes do programa se queixam de hotéis de baixa qualidade (foto: Reprodução/TV Globo)

Os problemas nos bastidores da Globo não se resumem apenas aos critérios controversos para decidir os salários de seus funcionários. Nos últimos dias, vários apresentadores e comentaristas que dão expediente na GloboNews passaram a se queixar também da decisão de economizar até na hospedagem paga pela empresa aos colaboradores que precisam viajar para Brasília. Habituados aos melhores hotéis da capital, os jornalistas estão tendo que se acostumar com habitações mais baratas e com menos recursos. Alguns, inclusive, decidiram pagar locais melhores por conta própria.

A reportagem do TV Pop apurou que, até meados do primeiro semestre, os profissionais deslocados para o Distrito Federal ficavam hospedados nas suítes mais caras do B Hotel, que é justamente o hotel mais caro de Brasília, com diárias que variam entre R$ 993 e R$ 2191, e contavam até mesmo com seguranças de prontidão na porta de seus quartos durante todo o dia. Agora, quem recebe a convocação para trabalhar na capital fica hospedado no Mercure — que tem sido disponibilizado para jornalistas “menos relevantes” — ou no Grand Mercure, cedido para os medalhões da rede.

Em um primeiro momento, todos os colaboradores da Globo foram deslocados para o Mercure, que é um estabelecimento bem mais básico, com menos comodidades e, consequentemente, muito mais barato, com a diária da suíte mais cara custando pouco mais de R$ 800. A emissora só mudou de ideia e passou a bancar um outro hotel para os profissionais mais relevantes depois que uma apresentadora da GloboNews se queixou de um forte odor de esgoto em seu quarto e alegou até mesmo ter sido mordida por pulgas que estariam no colchão de sua cama.

Na semana seguinte, boa parte do elenco da Central GloboNews — formato exibido nas noites de quinta e gerado dos estúdios da emissora em Brasília — passou a ser hospedada no Grand Mercure, cujo preço da diária flutua entre R$ 693 e R$ 950. As coisas não melhoraram muito: um comentarista do programa teve uma crise alérgica com o odor de mofo do quarto em que ficou hospedado e sequer conseguiu entrar no ar naquela semana, enquanto outra estrela do canal de notícias teve uma intoxicação alimentar depois que comeu no restaurante do estabelecimento.

Incomodados com as hospedagens de qualidade duvidosa, vários jornalistas da Globo tem evitado aceitar os convites da direção para participar do formato de análise política. Quem não consegue fugir da viagem por obrigação contratual, está barganhando por melhores condições em Brasília — não são raros os casos de comentaristas que pedem para viajar apenas no final da tarde e voltar para sua cidade de madrugada, já que o aeroporto da capital funciona ininterruptamente. Uma das estrelas do canal, por sua vez, passou a bancar a hospedagem no B Hotel por conta própria.

Mesmo com as decisões hoteleiras sendo de responsabilidade da matriz da Globo, no Rio de Janeiro, colaboradores do canal defendem a teoria de que a crise financeira enfrentada pela emissora em Brasília são um reflexo da queda no padrão das hospedagens. Fabiano Andrade, âncora do DFTV 1ª Edição, ganha apenas R$ 8 mil mensais — repórteres iniciantes da Record tem lucros bem maiores, por exemplo. Além disso, a rede passou a investir no modelo “faça você mesmo”, transformando repórteres experientes em videorrepórteres, que filmam o seu próprio conteúdo.

Insistentemente procurada pela reportagem do TV Pop desde a semana passada, a Globo não se manifestou sobre o assunto até a publicação deste texto. A Accor, empresa responsável por controlar os hotéis Mercure e Grand Mercure, não quis comentar as reclamações dos jornalistas que se hospedaram em suas dependências.

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