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Afinal de contas, o que a pandemia mudou na indústria audiovisual?

Wandavision foi uma das séries prejudicadas pela pandemia (foto: Divulgação/Disney)
Wandavision foi uma das séries prejudicadas pela pandemia (foto: Divulgação/Disney)

Na semana passada, foquei tanto em como a TV aberta e o setor audiovisual americanos foram impactados pela pandemia iniciada em 2020 que preferi dar uma pausa! Foi tanta coisa em um ano que vocês ficariam cansados de ler tudo que ocorreu mesmo numa forma resumida dessa coluna. Estamos em 2021 e ainda esperamos o último 007 e algum filme da Marvel chegar.

Enquanto na TV aberta os episódios são gravados durante a exibição da série tal qual uma novela, canais pagos e streamings preferem ter toda a temporada gravada antes da liberação do conteúdo em suas plataformas, seja a temporada inteira ou por episódios semanais. A Netflix até tentou soltar uma série nova por semana em 2020, e enquanto ela parecia bem confortável em seus conteúdos originais, dois conglomerados de mídia recém-lançados estavam começando a liberar seus conteúdos: Disney+ e HBO Max.

A Disney, para ter uma explosão de assinaturas em seu serviço, decidiu encomendar conteúdos originais da Marvel Studios. Falcão e o Soldado Invernal seria lançada em setembro de 2020 e Wandavision em março de 2021, e tudo isso foi mudado após a pandemia. A segunda série, por exemplo, teve sua estreia em janeiro por conta de sua importância para o universo Marvel e somente em março, acontecerá a estreia da que deveria ter vindo primeiro.

A HBO Max, diferentemente da Disney (que quer apenas conteúdo familiar em seu serviço) tem uma gama de conteúdos da Warner disponíveis, apesar de que nem a presença de Friends e Harry Potter foram o suficiente para turbinar o número de assinantes da plataforma. O plano da empresa, então, passou a ser mais focado em filmes. Todos os lançamentos serão feitos no cinema e no streaming ao mesmo tempo, evitando adiamentos como no caso de Mulher-Maravilha 1984. Só precisam expandir o serviço para fora dos Estados Unidos, pois a pirataria é rápida…

Vale ressaltar que séries que tenham tramas fechadas ou que se passem em outras eras ou planetas não foram impactadas, pelo menos em termos de história. Já em termos de produção, o pedido foi que se gravassem durante a pandemia, tivessem menos pessoas no espaço, cenas mais longas e menos cenários utilizados. Sitcoms, as famosas séries com claques, utilizarão risadas já gravadas ao invés de gravar com plateia ao vivo.

Ainda, roteiristas tiveram liberdade de inserir os principais temas de 2020 em suas tramas, já que a dramaturgia não é apenas uma forma de fugirmos da realidade, mas também uma maneira de tratar e mostrar temas sensíveis para que a sociedade possa ver a gravidade deles. A comédia The Neighborhood, logo em seu primeiro episódio, abordou os protestos que estavam acontecendo no país, embora tenha ignorado a pandemia. Séries policiais, cada uma à sua maneira, buscaram discutir a brutalidade policial.

A pandemia acabou sendo mais abordada por séries médicas. Grey’s Anatomy está acompanhando o tema em todos os episódios da nova temporada, enquanto outras apenas decidiram pela abordagem apenas em um primeiro momento. The Good Doctor teve os dois primeiros episódios focados na pandemia e no terceiro temos Freddie Highmore, interprete do protagonista Shaun Murphy, informando ao público que a série se passa num futuro em que a pandemia não existe mais, caminho também adotado por The Resident.

Mateus Ribeiro é engenheiro por formação, e nas horas vagas se diverte maratonando séries e assistindo programas de origem duvidosa da televisão brasileira. No TV Pop, escreve semanalmente sobre as séries produzidas pela indústria norte-americana. Converse com ele pelo Twitter @omateusribeiro. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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