GABINETE DEL ODIO

Televisa é acusada de operar rede secreta para difamar jornalistas e autoridades

Reportagem revela rede de fake news operada dentro da sede da emissora com ataques a jornalistas, juízes e empresários mexicanos

Placa com logotipo da Televisa ao lado de rodovia elevada, com sede da emissora e torres de transmissão ao fundo
Uma das sedes da Televisa na Cidade do México; emissora é acusada de operar rede de fake news para atacar jornalistas e autoridades (foto: Reprodução)

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A rede mexicana Televisa foi acusada de comandar uma operação secreta de produção e disseminação de fake news contra jornalistas, empresários e adversários políticos. A denúncia foi feita pela jornalista Carmen Aristegui e sua equipe do site Aristegui Noticias, que divulgaram na noite de 27 de abril uma investigação baseada em mais de 5 terabytes de dados internos vazados da emissora. O escândalo é chamado de Televisa Leaks.

O que você precisa saber

  • Vazamento revelou operação de fake news dentro da sede da Televisa;
  • Grupo produziu vídeos e scripts com ataques a jornalistas e rivais;
  • Aristegui Noticias afirma que campanha beneficiou juiz Arturo Zaldívar;
  • Televisa teria lucrado com contratos públicos após ação política;
  • Equipe usava contas falsas para atacar figuras como Carlos Slim.

Segundo o site, os arquivos são vídeos, fotos, conversas, instruções e roteiros usados em campanhas difamatórias orquestradas diretamente de uma das sedes da Televisa na Cidade do México. A quantidade de dados analisados é comparável ao Sedena Leaks –vazamento que surgiu em 2022 e que revelou que militares mexicanos vendiam armas a criminosos. Na Televisa, as ações seriam coordenadas por uma equipe chamada Palomar.

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De acordo com a reportagem, a Palomar atuava dentro das instalações da Televisa em parceria com a empresa Metrics Index, especializada em estratégias digitais difamatórias. A liderança da operação estaria sob comando do analista político Javier Tejado Dondé, e os executivos da emissora tinham conhecimento da estrutura. Entre os citados estão Rubén Acosta Montoya, diretor de Mídia para o México e América Latina da TelevisaUnivision, e Dora Alicia Martínez Valero, que foi diretora geral de Assuntos Eleitorais do grupo.

Uma das campanhas mais impactantes da Palomar foi direcionada a beneficiar o então juiz Arturo Zaldívar, eleito presidente da Suprema Corte do México para o mandato 2019–2022. Em troca, a Televisa teria recebido dois contratos públicos, incluindo a produção de um documentário. A ofensiva chegou a envolver denúncias falsas contra familiares de juízes contrários à indicação de Zaldívar.

Televisa teria promovido ataques contra dono da Claro

Além disso, a equipe clandestina da Televisa teria promovido conteúdos contra o empresário Carlos Slim, bilionário dono da Claro no Brasil, culpando suas empresas pelo colapso da Linha 12 do metrô da Cidade do México em 2021. Também o acusaram de querer privatizar a liga mexicana de futebol, supostamente para favorecer os interesses da Televisa na disputa por direitos de transmissão da seleção de futebol.

A própria Carmen Aristegui, jornalista que revelou o escândalo, foi alvo frequente da operação da Televisa. Seu nome aparece mais de 300 vezes nas conversas vazadas. Segundo o site, a empresa de mídia monitorava o conteúdo do Aristegui Noticias e ativava uma rede de bots sempre que se sentia ameaçada por alguma reportagem. As ações contavam com manipulação de imagens e vídeos adulterados na tentativa de descredibilizar a profissional.

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