Longe dos holofotes desde a estreia do Times Brasil CNBC, Douglas Tavolaro quebrou o silêncio e aceitou fazer um balanço dos primeiros 6 meses de sua nova criação. Em entrevista exclusiva ao jornalista Gabriel de Oliveira, publisher do TV Pop, o empresário falou sobre os problemas e desafios da implementação da empresa, que virou referência no noticiário de economia e negócios na TV. Ele, no entanto, diz que a operação licenciada da CNBC é mais que uma simples emissora. “Somos um grupo de mídia que gravita no universo dos negócios”, assegurou.
Pela primeira vez, o executivo falou dos problemas técnicos e estruturais que transformaram o Times Brasil CNBC em alvo de críticas nas redes sociais em seus primeiros meses. Ele diz que “o público teve dificuldades para entender qual era a proposta do projeto no início”, mas garante que todas as dificuldades já foram superadas. “Nós não somos mais um canal de notícias. Somos diferentes. Somos e seremos sempre uma empresa aberta a constantes melhorias e evoluções”, ponderou.
Douglas Tavolaro aceitou falar até mesmo sobre o súbito lançamento do CNN Money, que foi interpretado pelo mercado como retaliação ao lançamento da nova empreitada do empresário, que afirma se sentir lisonjeado em ter motivado a criação de um concorrente. “Isso fomenta o mercado e gera empregos, que é algo que deveria ser a principal missão de qualquer empresa”, garante ele, que ainda mandou um recado para a adversária. “Desejo sucesso a eles, já que idealizei e montei a CNN Brasil do zero com muita paixão e desprendimento”, disparou o executivo.
“Já somos o maior canal de jornalismo de negócios do país”, afirma o fundador do Times Brasil CNBC, que festeja os números conquistados pela empresa somente no seu primeiro semestre de operação. “É importante destacar alguns números para entender o valor destas conquistas para uma operação de mídia com tão pouco tempo no ar. Já atingimos 97 milhões de pessoas na soma da audiência de todas as plataformas, sem sobreposição de público. Chegamos muito longe com apenas seis meses de vida”, afirmou.
A seguir, confira a íntegra da entrevista de Douglas Tavolaro para Gabriel de Oliveira:
O Times Brasil CNBC completou recentemente 6 meses no ar. Não foi uma trajetória fácil, evidentemente. A confusão de branding no pré-lançamento da operação, os problemas técnicos nos primeiros dias da programação ao vivo… O que mudou de lá pra cá? Como a empresa lidou com as críticas do público e da imprensa especializada? O que foi feito para melhorar a imagem da emissora diante da audiência depois daquelas primeiras semanas conturbadas?
Qualquer projeto de mídia que nasce estreando, de uma só vez, uma grade de jornalismo 24 horas no ar, com 15 horas ao vivo na TV de segunda a sexta, e centenas de horas de produção de conteúdo digital, está sujeito à desafios iniciais. Ainda mais com o peso de nascer como o primeiro canal de informação de negócios do Brasil, com marca internacional. Foi assim com a nossa empresa. A questão de branding foi superada após uma confusão inicial sem o público enxergar a operação em funcionamento.
Agora, com seis meses no ar, cada vez mais, a audiência e o mercado estão compreendendo o que significa um canal de jornalismo de negócios, que é um modelo de sucesso que existe no mundo todo e que nunca havia sido explorado no Brasil. Não somos mais um canal de notícias. Somos diferentes. A CNBC, que foi fundada há 35 anos, está presente em mais de 80 países e atinge uma audiência global de 500 milhões de pessoas, agora chegou ao nosso país com força total. E com a soma de uma potente indústria de produção de notícias nacional, formada por centenas de jornalistas e profissionais de mídia que trabalham em nossa redação todos os dias. Brasileiros produzindo jornalismo para brasileiros. Somos e seremos sempre uma empresa aberta a constantes melhorias e evoluções.
Acho que você entende e sabe que o seu nome, ao menos desde a Record, sempre foi associado a projetos robustos e de qualidade. Eu mesmo já te disse isso em outras oportunidades. É a primeira vez depois de quase duas décadas destinadas ao jornalismo geral que você se dedica a um projeto nichado e que, consequentemente, tem uma estrutura mais enxuta em comparação aos outros times que você liderou até então. Como foi a decisão de, digamos, largar o hard news para investir em uma área até então praticamente desconhecida na mídia nacional?
Foi uma decisão movida pela certeza de oferecer uma incrível inovação ao público brasileiro e com um olhar para o futuro da mídia, sem dúvidas. O tema “negócio” está presente em todos os assuntos do nosso dia-a-dia, praticamente em todas as questões do cotidiano, e sempre frequente tanto na vida dos grandes líderes empresariais e CEOs que decidem o país, tanto na do público em comum que se interessa em empreender, investir, crescer na carreira, ter educação financeira e prosperar. São pilares de um tipo de jornalismo que conquistou dezenas de países mundo afora, movimenta bilhões de dólares em investimentos publicitários e se consolidou como um importante espaço da mídia global.
Quem suporta jornalismo que só transmite notícias popularescas ou embates políticos desgastantes e repetitivos? Canal de notícias de negócios é sucesso em dezenas de países porque exerce um papel fundamental na evolução de uma sociedade e na missão de informar transmitindo conteúdo de qualidade, na minha visão. É nisso que eu sempre acreditei, desde o início, e é o que nossa empresa tem alcançado com apenas seis meses de vida. Temos mais de 300 profissionais diretos e indiretos, no Brasil e no exterior, em nossa sede no coração financeiro do país, trabalhando dia e noite para atingir esse nível de qualidade editorial. Um desafio que nos enche de alegria e vigor renovados todos os dias.
Antes mesmo do início oficial da operação televisiva do Times Brasil CNBC, a CNN Brasil se apressou para lançar um segundo canal, também destinado ao jornalismo de negócios. Isso retoma o que eu falei na pergunta anterior: o seu nome, até aqui, sempre foi visto como sinônimo de robustez e qualidade. Hoje, já temos três canais destinados apenas ao noticiário de economia. O que o Times Brasil CNBC fez para conseguir se sobressair diante das suas rivais?
Eu fiquei lisonjeado em motivar a criação de um concorrente, já que isso fomenta o mercado e gera empregos, que é algo que deveria ser a principal missão de qualquer empresa, em qualquer mercado. Desejo sucesso a eles, já que idealizei e montei a CNN Brasil do zero com muita paixão e desprendimento.
Mas agora estou focado com minha equipe neste novo e maior desafio: oferecer ao Brasil o primeiro canal de jornalismo de negócios do país, com o peso da parceria inédita com a CNBC. Estamos extremamente surpresos e realizados com os resultados positivos do início desta jornada.
O principal negócio do Times Brasil CNBC não é ser uma emissora de televisão, certo? Me corrija se eu estiver errado, mas tenho a impressão de que a empresa quer se posicionar como uma plataforma de conteúdo transmídia, como uma produtora de eventos e um canal de lifestyle, não apenas como uma rede de TV.
Você tem razão. Somos um grupo de mídia que gravita no universo dos negócios. Somos mais que uma emissora de TV e um canal mutliplataforma de informação de negócios. Já temos uma empresa de eventos, que vai realizar fóruns e conferências empresariais de alto nível em parceria com o Financial Times, uma das principais publicações econômicas do planeta. Temos uma grande produção de conteúdo de entretenimento com negócios que vai se expandir ainda mais. Estamos só começando. Temos muito a crescer em diferentes áreas.
Passados esses primeiros seis meses, muita gente tem apontado que a Redação do Times Brasil CNBC tem uma alta rotatividade de profissionais. A marca se vê como uma espécie de celeiro de talentos? Quer dizer… vocês têm garimpado talentos do impresso e das redes sociais, ao invés de focar em medalhões — mesmo tendo nomes como Christiane Pelajo e Fábio Turci na operação. E esses novos talentos rapidamente tem chamado a atenção até mesmo de televisões concorrentes.
Temos no time nomes consagrados e novos talentos. Sempre estamos abertos a reforçar nosso elenco com novas apostas no jornalismo ou estrelas da TV ou do digital. Acreditamos que este é o caminho para a construção de um empresa moderna e bem-sucedida.
Quais os próximos passos? Onde o Times Brasil CNBC quer estar daqui 5 anos?
Primeiro é preciso entender que chegamos muito longe com apenas seis meses de vida. É importante destacar alguns números para entender o valor destas conquistas para uma operação de mídia com tão pouco tempo no ar. Já atingimos 97 milhões de pessoas na soma da audiência de todas as plataformas, sem sobreposição de público. Já fizemos quase três mil horas de jornalismo ao vivo e produzimos mais de 37 mil reportagens digitais. Já temos mais de 70 marcas no nosso canal, com os grandes anunciantes do país presentes em nossas telas.
Desde a nossa estreia, já entrevistamos mais de 600 CEOs e outros líderes empresariais do Brasil e do exterior. Enfim, já somos o maior canal de jornalismo de negócios do país. Mas queremos ir além, muito além, em todos esses números nos próximos cinco, dez anos. E o mais importante: trabalhando sempre para o que o público faça do nosso canal, como já fez em apenas seis meses, a principal fonte de informação e audiência no segmento de negócios.


