FENÔMENO

Walcyr Carrasco alfineta colegas e diz que novelas repetem estruturas antigas

Autor de sucessos da Globo participou de painel na Bienal do Livro e afirmou que histórias já eram contadas desde os tempos dos xamãs

Walcyr Carrasco
Walcyr Carrasco diz que vilãs das novelas vêm da Bíblia e revela inspiração em clássicos (foto: Reprodução/Internet)

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A Bienal do Livro abriu espaço para os bastidores da teledramaturgia e convidou autores de novelas para o painel Páginas na Tela: Novelas, que reuniu profissionais para discutir como histórias são idealizadas e escritas para a televisão. Um dos destaques foi o autor Walcyr Carrasco, que defendeu que as novelas apenas recontam histórias antigas com novas roupagens.

“Não temos histórias novas há muito tempo. Todas foram escritas no tempo dos xamãs e das lendas que eram contadas ao pé do fogo”, afirmou. O novelista citou a figura da vilã bíblica. “A vilã clássica está na Bíblia, que é a mulher de Potifar. Ela se vinga do homem que não a quer. Isso está até hoje nas novelas”, disse.

Walcyr Carrasco destacou que isso não é um problema, mas parte da natureza da narrativa. “Desde aquela época já se criavam as grandes estruturas e a gente só renova. Só repete. Só conta de outro jeito. Isso não é demérito, é bonito, porque a humanidade se renova. O encontro da mãe com o filho, por exemplo, é contado mil vezes, mas sempre emociona, desde que seja bem escrito e os atores sejam bons. Isso toca o coração”, completou o autor, que tem mais de duas décadas de carreira na Globo.

Durante o painel, o autor também refletiu sobre a linguagem das novelas. “As novelas fazem as emoções fortes e até um pouco óbvias às vezes. Quanto mais claras elas são — o vermelho é vermelho —, mais tocam o público. Acredito nas estruturas antigas. E os clássicos são clássicos”, disse.

Walcyr Carrasco revelou que O Outro Lado do Paraíso (2017) teve inspiração direta em O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. “É inspirado declaradamente em O Conde de Monte Cristo. Inclusive com cenas do Conde de Monte Cristo, um livro antigo. Outra história, mas peguei umas cenas, estruturas de personagens? Os clássicos têm sempre algo a nos oferecer”, explicou.

O autor também admitiu que não costuma seguir fielmente as sinopses que entrega à emissora. “Ela é o começo. Dez capítulos e eu chuto o balde. Seja o que for. Depois que estreia, os personagens vão me contando como continuar. Eu chamo a sinopse de carta de boas intenções para os meus chefes”, brincou.

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