Alexandre Nero está no ar em duas frentes diferentes na Globo: como Marco Aurélio, em Vale Tudo, exibida na TV aberta, e como Miguel Inácio, no drama histórico Guerreiros do Sol, no canal Globoplay Novelas. Os dois personagens têm em comum o comportamento ambíguo, algo que, para o ator, representa um avanço na forma como o público lida com a dramaturgia.
O artista diz que já passou a fase de dividir personagens entre “bons e maus”. Para ele, o interesse está justamente na complexidade. “Pessoas boas também têm seus maus lados. É terrível ver uma pessoa que a gente não gosta fazer uma coisa que a gente faz e isso mexe muito com as pessoas”, afirmou.
No caso de Miguel Inácio, um homem do cangaço, Alexandre Nero destacou o esforço de se aproximar da realidade nordestina, mesmo vindo do Sul do país. “Foi mais difícil. Estar com eles facilitou muito, porque eles me ajudavam no linguajar, no sotaque, por osmose eu captava aquilo. Mas era difícil, eu me comparava muito com eles e eu me sentia sempre menor, no sentido de qualidade e facilidade de estar ali”, explicou.
O ator também elogiou a abordagem da novela. Segundo ele, Guerreiros do Sol não romantiza os cangaceiros como heróis, mas tampouco os resume como criminosos. “Não romantiza o fato de esses homens serem heróis. Esses homens não eram heróis, eram criminosos. E, eventualmente, dependendo do ponto de vista, também heróis. O herói e o vilão sempre depende do ponto de vista”, sinalizou em conversa com a Contigo.
Sobre Marco Aurélio, vilão clássico da novela Vale Tudo (1988), Alexandre Nero disse que a autora Manuela Dias optou por não retratá-lo como alguém totalmente cruel. “A Manuela [Dias, autora do remake] resolveu não fazer ele tão terrível. Ele faz coisas que a gente não concorda, mas, ao mesmo tempo, é carismático, é um cara sedutor. E sedução não tem a ver só com homem e mulher. Eu acredito que picaretas são extremamente sedutores”, afirmou.
Alexandre Nero também minimizou os elogios recebidos por sua aparência. “Ninguém elogiava a minha beleza quando fiz o Tico Leonel de No Rancho Fundo. Isso tem a ver com o personagem. Não tem como desvincular as duas coisas. A questão física, isso é o nosso trabalho. A gente tem que ser sedutor, tem que ser interessante, dependendo do personagem, a gente tem que apagar a vaidade”, declarou.


