Walter Casagrande, ex-comentarista da Globo, detalhou sua luta contra a dependência química e o processo de sobriedade que mantém há anos. Durante a entrevista para o Sem Censura, o ex-jogador afirmou que substituiu o prazer das drogas pela vivência artística. “Eu troquei o prazer da droga pelo da cultura”, resumiu.
O comentarista contou que foi acompanhado diariamente por uma psicóloga durante o processo de recuperação. “Eu ia debatendo, conversando, aprendendo. Aprendi que minha segurança era eu saber o limite da minha liberdade. Hoje sou totalmente livre, só que sei até aonde posso ir com a minha liberdade”, explicou.
“Não bebia água e não comia nada porque a minha droga de escolha naquele momento era injetável. Eu desmaiava 5h da manhã, acordava 14h, ia para a cozinha, via alguma coisa para comer, a água e seringa. Aí batia aquela dúvida, mas estava totalmente tomado pelo vício, então já não tinha escolha. A droga escolhia por mim, então, eu ia para a droga”, disse.
Walter Casagrande também afirmou que nunca pediu para amigos ou pessoas próximas evitarem o consumo de álcool perto dele. “Nunca saí com as pessoas e pedi ‘por favor, não bebe porque não posso ver’. Aprendi que as pessoas não têm nada a ver com isso. É um problema interno, meu. Sou eu que tenho que saber a hora de ir, e eu consigo isso hoje”, declarou o ex-comentarista da Globo.
O ex-jogador ainda destacou o papel da arte na reconstrução de sua rotina. “Eu era muito isolado, ficava trancado na minha casa. A estratégia final foi minha psicóloga passar na minha casa porque eu tinha que ir ao teatro ou cinema toda sexta-feira e sábado”, disse. Walter Casagrande pontuou que resistiu à proposta. “Comecei meio forçado, e passei a ir quinta, sexta e sábado. Começou a ter terça… eu troquei o prazer da droga pelo da cultura”, declarou.


