A TV Gazeta de Alagoas comunicou ao Supremo Tribunal Federal, na terça-feira (23), que Fernando Collor deixará o quadro societário da emissora para ser preservado o contrato de afiliação com a Globo. O documento foi encaminhado ao ministro Luís Roberto Barroso e tenta reverter a pressão da rede para encerrar a parceria iniciada em 1975.
Segundo informações da coluna Outro Canal, da Folha de S.Paulo, a Globo contestou a manifestação da TV Gazeta e classificou a medida como insuficiente. Em resposta ao STF, a emissora afirmou que o afastamento de Collor não passaria de uma manobra para manter o ex-presidente no comando informal da empresa.
“Trata-se apenas de um subterfúgio para mero formalismo. A concomitância desse movimento coordenado escancara a realidade: mudam-se as aparências, para permanecer o mesmo comando”, declarou a Globo em manifestação enviada à corte. O caso permanece em análise no STF, sem previsão de decisão final de Barroso.
O processo chegou à Suprema Corte após a Globo perder ações no Tribunal de Justiça de Alagoas e no Superior Tribunal de Justiça. A Procuradoria-Geral da República também se manifestou, pedindo a derrubada da decisão que mantém a filiação da TV Gazeta à Globo. O julgamento deve ocorrer em outubro.
A TV Gazeta argumentou que o desligamento societário de Collor só não ocorreu antes por questões burocráticas ligadas a um negócio em andamento. A lei de radiodifusão proíbe que pessoas condenadas em definitivo, como o ex-presidente, tenham participação acionária em empresas de rádio e televisão.
Entenda o caso
Em outubro de 2023, a Globo comunicou à TV Gazeta que não renovaria o contrato de afiliação devido a escândalos envolvendo a emissora de Alagoas. A decisão foi tomada após denúncias de que Fernando Collor usou a empresa em esquemas de propina. Condenado a oito anos de prisão no STF, ele perdeu o direito de manter participação societária.
No início de novembro do mesmo ano, a TV Gazeta entrou com ação judicial para impedir a saída da rede de afiliadas da Globo. A emissora alegou que, sem a parceria, não conseguiria cumprir compromissos financeiros da recuperação judicial, em vigor desde 2019. A Globo, por sua vez, afirmou que a afiliada acumulava dívidas milionárias.
Em paralelo, a Globo assinou em 2024 um contrato com o Grupo Asa Branca de Comunicação, dono da TV Asa Branca, sua parceira em Pernambuco. Desde o ano passado, a empresa já retransmite o canal Futura e se prepara para substituir a TV Gazeta na rede.


