A HBO anunciou na segunda-feira (29) o início da pré-produção de uma nova série documental. A obra investiga um crime que marcou o Brasil: uma disputa familiar milionária por uma das maiores coleções de arte do país, que resultou em uma morte misteriosa. O projeto de true crime ainda não tem título oficial ou data de estreia definidos pela empresa.
A produção retrata a intriga familiar que ganhou repercussão nacional, com acusações de cárcere privado, roubo e manipulação psicológica e espiritual. A narrativa foca na história de Geneviève Boghici, viúva de Jean Boghici (1928-2015), um dos mais importantes marchands de arte do país. As perdas milionárias atingiram um dos acervos privados mais relevantes do Brasil.
Com acessos exclusivos a informações e novas revelações sobre a investigação, a série documental acompanha o desenrolar do caso e suas reviravoltas. A produção da HBO explora a participação de diferentes personagens, como Sabine Boghici (1974-2023), filha de Geneviève, além de Rosa Stanesco e seus familiares, que atuavam como videntes para a família Boghici. Obras de artistas como Tarsila do Amaral (1886-1973) e Di Cavalcanti (1897-1976) estavam entre os itens.
Em um universo de intrigas, a série documental da HBO adentra as falsas revelações e as disputas familiares motivadas por patrimônio e confiança. A nova produção de true crime será uma coprodução entre a Na Paralela e a Warner Bros. Discovery, reforçando o investimento do selo em histórias documentais de grande impacto no mercado nacional.
Quem foi Jean Boghici
Jean Boghici foi um dos mais importantes colecionadores e marchands de arte do Brasil. Nascido na Romênia, ele morou a maior parte da vida no país, onde construiu um acervo valioso. Após sua morte, em 2015, sua coleção se tornou o centro de um crime milionário arquitetado pela própria filha, Sabine Coll Boghici, no Rio de Janeiro.
O caso começou quando a viúva do colecionador, Geneviève Boghici, registrou uma ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade. Ela acusou a filha de mantê-la em cárcere privado entre janeiro de 2020 e abril de 2021. Segundo o relato, Sabine e um grupo de videntes extorquiam dinheiro da mãe em troca de um falso tratamento espiritual.
O golpe familiar milionário
A polícia deflagrou a Operação Sol Poente, nomeada em referência a um quadro de Tarsila do Amaral recuperado na ação. A investigação resultou na prisão de Sabine, da vidente Rosa Stanesco e de outros quatro cúmplices. A Deapti calculou que o grupo desviou R$ 724 milhões da idosa em três anos, por meio do roubo de obras de arte e joias.
O acervo de Jean Boghici contava com pinturas de artistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Alberto Guignard e Rubens Gerchman. De acordo com os investigadores, apenas 20% das obras roubadas foram apreendidas na operação. Sabine Coll Boghici morreu em 2023, antes de ser interrogada em uma audiência criminal do processo.


