Dira Paes defendeu a entrada de influenciadores digitais na dramaturgia e afirmou que as mudanças nas formas de produção de conteúdo não devem ser tratadas como ameaça. A atriz participou do Roda Viva, da TV Cultura, e destacou que o surgimento de novos formatos, como novelas verticais e vídeos curtos nas redes sociais, fazem parte de um processo natural de evolução artística.
“Eu acho que com bom gosto, com arte, com estrutura, com embasamento, com conteúdo, com ideia e propósito, tudo isso vale”, afirmou. Para a atriz, o que não funciona é quando a produção tem apenas um objetivo comercial. “Agora, sem ideia, comercialmente, só querendo a gana… Acho que essas coisas não funcionam muito bem”, avaliou a convidada do programa.
Ao ser questionada se os conteúdos voltados para internet estariam à parte da produção cultural, Dira Paes respondeu que enxerga os dois universos como paralelos e complementares. “Tem que ver onde é a intercessão disso. Eu acho que não diria à parte, eu acho que eles são paralelos e tangenciam. A gente percebe que há uma tentativa de misturar tudo para produzir mais curiosidade do público”, disse.
A veterana ressaltou que a arte sempre passou por transformações, e que o formato nunca foi mais importante do que a ideia. “A gente não pode ter medo, porque quando a gente saiu das cavernas onde imprimiam as nossas mãos, vem a pintura, a fotografia, a gente sempre achou que a televisão ia acabar com o cinema… Essas coisas não acontecem”, pontuou a atriz.
Ela ainda comentou que fazer arte exige mais do que apenas técnica ou recursos audiovisuais. “São fundamentos que exigem do seu conhecimento, do seu envolvimento, da sua dedicação e da sua alma. Não é pueril, não é um vídeo no celular que faz um filme, é uma ideia”, reforçou. A atriz disse que é importante receber os novos nomes com abertura. “A gente não pode fechar as portas para esses experimentos imagéticos. Eles vão acontecer”, concluiu.
