A comentarista esportiva Jordana Araújo denunciou um ataque racista nesta quinta-feira (20), Dia da Consciência Negra. Em seu perfil no Instagram, a jornalista revelou ter recebido uma mensagem com teor ofensivo e decidiu transformar a agressão em posicionamento público. “Eu não vou parar”, escreveu ela ao expor o conteúdo da mensagem.
A comunicadora afirmou que a violência racial não é novidade em sua trajetória e que o racismo já provocou sérios danos à sua saúde mental. “Crises de ansiedade e até mesmo um episódio de depressão estão na conta de gestos, ações, ofensas explícitas e veladas. Com o tempo eu fui criando estratégias para sobreviver”, relatou Jordana para a revista ELA. Ela credita sua resistência à psicoterapia, espiritualidade e apoio de familiares e amigos.
A força para seguir, segundo ela, também vem da vivência acumulada ao longo dos anos e da urgência de romper com estruturas excludentes. “São séculos de apagamento e silenciamento de dores profundas. A gente precisa ressaltar que a população negra está inserida em uma estrutura que não vê com bons olhos o caminho da ascensão e que na maior parte do tempo vai usar esses ataques como uma tentativa de nos parar e silenciar”, afirmou.
Presente no jornalismo esportivo, área predominantemente masculina e branca, a repórter da Globo disse que sua presença ainda causa estranhamento. “Já perdi as contas de quantas vezes precisei comprovar mais de uma vez, no mesmo dia, que eu era comentarista ou repórter em uma cobertura esportiva. É doloroso, mas a gente segue para que as próximas gerações consigam se enxergar nesses lugares e fazer da nossa presença uma parada cada vez mais comum”, declarou.
Ela também criticou os padrões estéticos impostos a mulheres negras na televisão. “A Jordana que aparece na GETV, na Globo ou no SporTV é a mesma fora delas. É a mesma que não é tida como o padrão aceitável para estar ali, mas que vai continuar resistindo”, disse.


