Débora Bloch comentou a repercussão de Vale Tudo (2025), em que interpretou Odete Roitman no remake da novela clássica. A atriz, um dos principais nomes da teledramaturgia do ano, afirma que o papel não foi uma questão de sorte, mas resultado direto de sua trajetória de 45 anos nas artes. “Não acho que foi exatamente um presente. Foi o resultado de anos de trabalho”, afirmou em entrevista para a GQ.
A personagem, que originalmente marcou a carreira de Beatriz Segall (1926–2018), não é vista pela atriz como um papel que vai se tornar permanente em sua imagem pública. “A personagem não grudou em mim. Na verdade, é mais difícil entrar nela do que me desvencilhar”, disse. “Era muito cruel e não passo pano. Porém, é importante entender a função da Odete na trama e na sociedade”, completou.
Na nova versão, o mistério de “quem matou Odete Roitman” foi mantido até os últimos capítulos. Desta vez, porém, a personagem sobrevive ao tiro disparado por Marco Aurélio (Alexandre Nero), encerrando a trama com vida. Segundo Débora Bloch, a escolha pelo desfecho faz sentido diante da recepção popular: uma pesquisa do Datafolha revelou que apenas 4% do público queria a vilã morta no remake.
Durante uma viagem recente, a atriz foi abordada por um fã sobre o final da novela. “Respondi que sim, aprovei o desfecho. Mas ele insistiu. Percebi que ele não tinha gostado, mas não queria falar”, relatou. A atriz reconhece que o papel provoca reações diversas e vê nisso um reflexo da relevância social da personagem e da produção.
Débora também aproveitou para criticar os estigmas sobre mulheres maduras na televisão e na sociedade. “Antigamente, uma mulher da minha idade era descartada. Hoje, não é mais uma avó que fica tricotando em casa”, afirmou. “Não nos acostumamos a ver uma mulher que escolhe seus parceiros sexuais e domina as relações. Por isso, cabe à arte dizer: ‘O mundo é assim, mas pode ser diferente’”, concluiu.


