CABE RECURSO

Homem é condenado por vender falso almoço com Jair Bolsonaro a bolsonaristas

Fabio Rodrigues Jordão enganou apoiadores do ex-presidente em 2022 com a promessa de uma motociata e evento beneficente; pena foi fixada em regime fechado

Ex-presidente Jair Bolsonaro em plano fechado, usando camisa polo verde-oliva, com um segurança ao seu lado
Jair Bolsonaro após deixar hospital em setembro; homem foi condenado por vender falso almoço com o ex-presidente (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

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A Justiça de São Paulo condenou Fabio Rodrigues Jordão à prisão por estelionato, após ele supostamente enganar um grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. O homem, que se apresentava como pastor evangélico e jornalista, organizou um evento na cidade de Pereira Barreto, no interior paulista, em julho de 2022. Ele prometeu aos moradores a realização de uma motociata seguida de um almoço com a presença do então candidato à reeleição, cobrando ingressos e cotas de patrocínio para uma cerimônia que nunca aconteceu conforme o anunciado.

A informação foi divulgada pela coluna Rogério Gentile, do portal UOL. Segundo a denúncia do Ministério Público, Jordão comercializou entradas que variavam de R$ 20 a R$ 500 para um churrasco de “boi no rolete” no restaurante Rancho do Cupim, com a expectativa de receber 500 pessoas. Além disso, empresas locais foram convencidas a comprar cotas de patrocínio entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, sob o argumento de que todo o lucro seria destinado à construção de um hospital no município.

Para dar credibilidade ao golpe, o réu se apresentava como presidente do clube “Motociclistas de Cristo” e exibia documentos falsos, alegando ter vínculos com a segurança presidencial e a Polícia Federal. O esquema incluiu até a venda de camisetas e copos com a frase “eu sou mito”. No entanto, o promotor Ivo Zambon destacou à Justiça que Jordão ficou com todo o dinheiro arrecadado: “O réu realmente enganou diversas pessoas, e ficou com todo o dinheiro arrecadado com o suposto evento, que nem mesmo se realizou, já que a atração principal não compareceu”.

O prejuízo atingiu tanto os frequentadores quanto os fornecedores. Proprietários do restaurante relataram à polícia que confiaram na palavra do organizador e não assinaram contrato formal. Do valor total de R$ 50 mil combinado pelo serviço, receberam apenas R$ 14 mil. As vítimas, que se sentiram lesadas moral e financeiramente, relataram o constrangimento. “Acreditei na boa-fé de Jordão”, disse uma testemunha, que confessou ter sentido “vergonha” após perder R$ 5 mil no esquema.

Em sua defesa, Jordão alegou inocência, sustentando que havia uma “legítima expectativa” da participação de Jair Bolsonaro e que foi avisado do cancelamento apenas na véspera por e-mail. Ele afirmou ter recebido confirmações verbais e até uma visita da equipe de segurança para vistoria. Contudo, os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitaram a versão, mantendo a condenação de primeira instância a uma pena de um ano e nove meses em regime fechado, dado que o réu já era reincidente em estelionato.

A relatora do processo, desembargadora Teresa Magalhães, foi taxativa ao confirmar a má-fé do acusado na decisão proferida em novembro. “O réu utilizou expediente fraudulento, demonstrando de forma inequívoca que desde o início da promoção do evento tinha a intenção de ludibriar os participantes e os patrocinadores, a fim de obter, para si, vantagem econômica indevida”, declarou. A magistrada ressaltou ainda que o dinheiro jamais foi destinado a qualquer entidade assistencial. Cabe recurso da decisão.

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