Mariana Becker, um dos maiores nomes da cobertura da Fórmula 1 no Brasil, decidiu desacelerar após quase duas décadas. A jornalista encerra seu contrato com a Band neste mês de dezembro, após o fim dos direitos de transmissão da categoria pela emissora, e inicia uma nova fase da vida com foco em liberdade, bem-estar e novos projetos.
“No ano passado isso quase aconteceu, então já sabia que podia rolar agora”, afirmou Mariana Becker para a Folha de S.Paulo. Ela disse que recebeu com serenidade a notícia da não renovação e não guarda frustrações. “Eu só ficaria mal se tivesse a sensação de que podia ter feito mais. A gente fez tudo que poderia ter sido feito”, completou, em tom de encerramento de ciclo.
Mesmo sem planos de aposentadoria, Mariana Becker quer manter um vínculo com o automobilismo, desde que possa continuar com o olhar sensível que guiou sua trajetória: focar nas histórias humanas por trás da técnica. “Eu tinha que entender o que significava aquela tristeza ou aquela alegria para depois passar isso para quem está em casa”, disse, revelando seu método de abordagem emocional e narrativo.
Se esse espaço não existir, ela pretende investir em novas áreas que já despertam seu interesse. Entre os projetos em andamento estão um programa de turismo e cultura com olhar fora do óbvio, e um canal de entrevistas, que poderá ser veiculado tanto em redes sociais quanto em um canal de TV. “É uma das coisas que mais gosto de fazer. Rende muito”, afirmou.
Outro plano confirmado é o lançamento de seu segundo livro de crônicas, já finalizado e com previsão de publicação em 2026. Mariana escreveu os textos durante suas viagens de trabalho e agora terá tempo para revisá-los e entregá-los à editora. A obra é um dos marcos dessa nova etapa, mais tranquila e voltada à criação.
Além do lado profissional, a repórter quer reduzir o ritmo e investir em qualidade de vida. “Se eu não tiver pausas com natureza de tempos em tempos, eu explodo”, contou. O plano a longo prazo é viver em um sítio, cercada por animais e longe da agitação das grandes cidades. “Pode ser que eu vire uma véia dessas que fica enfurnada com os bichos”, brincou, rindo.
Ela observa o crescimento do interesse feminino pela Fórmula 1 nas redes sociais, documentários e até videogames, o que transformou o perfil da torcida. Mariana Becker critica o machismo disfarçado em “testes de conhecimento” feitos com mulheres fãs da categoria: “As pessoas têm direito de gostar do esporte pelo motivo que quiserem”, disse. Apesar de não se considerar protagonista de mudanças, reconhece o papel que cumpriu ao longo dos anos. “Acho que ajudo a deixar o ambiente menos hostil para quem não se sentia à vontade de dizer que gosta de Fórmula 1”, disse.


