DINHEIRO PÚBLICO

Crítico de Lula, Zezé Di Camargo enche o bolso com R$ 20 milhões em verbas do governo

Cantor sertanejo fechou 42 contratos com prefeituras em 2025; apresentação mais cara custou R$ 600 mil aos cofres de cidade no interior do Paraná

Zezé Di Camargo canta com microfone no palco do Caldeirão com Mion vestindo paletó azul e camisa branca nos estúdios da Globo
Zezé Di Camargo no Caldeirão com Mion; cantor fatura alto com shows bancados por verba pública em cidades do interior (foto: Globo/Thalles Trouva)

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O cantor Zezé Di Camargo recebeu pelo menos R$ 20 milhões em verbas públicas para a realização de shows durante o ano de 2025. Ao todo, o artista firmou 42 contratos com prefeituras que utilizaram portarias do governo federal, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), político a quem o sertanejo tem feito críticas frequentes publicamente. A assessoria do músico não se manifestou sobre os valores.

De acordo com levantamento divulgado pela coluna Outro Canal, da Folha de S.Paulo, os cachês pagos variaram conforme a região e a estrutura do evento. O valor mais alto foi desembolsado pela prefeitura de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, que pagou R$ 600 mil por uma única apresentação do cantor em setembro.

A maioria dos espetáculos ocorreu em estados das regiões Sul e Centro-Oeste, redutos onde o sertanejo possui forte apelo popular, com contratações pontuais no Nordeste. Goiás, estado natal do artista, liderou a lista de contratantes com dez shows, todos em cidades do interior. O Paraná também registrou dez apresentações, seguido por Mato Grosso e Minas Gerais, com cinco eventos cada.

Zezé Di Camargo tem show cancelado

No entanto, a postura política e as declarações recentes do cantor impactaram sua agenda. Um show previsto para o início de 2026 em São José do Egito (PE), avaliado em R$ 500 mil com recursos federais, foi cancelado após os ataques de Zezé Di Camargo contra a família Abravanel, proprietária do SBT.

Em nota oficial, o prefeito de São José do Egito, Fredson Brito (Republicanos), justificou o cancelamento da apresentação financiada com dinheiro público. O gestor municipal afirmou que não aceita que o município pernambucano seja colocado no “centro de polêmicas decorrentes de questões individuais”, referindo-se ao comportamento do artista nas redes sociais.

Contratos com supostas irregularidades

Além das cifras milionárias, a reportagem apontou supostas irregularidades burocráticas em alguns acordos. Quatro apresentações nas cidades de Loanda (PR), Ubiratã (PR), Paracatu (MG) e Canhotinho (PE) foram firmadas no formato “empenho por ausência de contrato”. O modelo, geralmente usado para compras de baixo valor e entrega imediata, dispensa a formalização tradicional e pode gerar problemas na contabilidade das gestões municipais.

Todas as negociações com os órgãos públicos foram intermediadas pela Classical Holding Intermediação de Negócios Ltda., empresa responsável por representar Zezé Di Camargo e que recebe uma porcentagem sobre os contratos. Procuradas pela publicação para comentar a ausência de contratos formais, as prefeituras citadas não se pronunciaram.

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