Al Pacino fez revelações surpreendentes sobre a vida pessoal em sua autobiografia chamada Sonny Boy. O nome da obra é inspirado na forma que a mãe do astro o chamava em sua infância [algo como ‘filhinho’ em tradução livre]. Aos 84 anos, o vencedor do Oscar fala pela primeira vez sobre como chegou ao estrelato e expõe tragédias como a morte de três amigos e da própria mãe para as drogas. Na obra, ele conta que trabalhou como faxineiro, lanterninha e teve outros empregos antes de ser convidado pelo jovem diretor Francis Ford Coppola para viver Michael Corleone na adaptação de O Poderoso Chefão (1972).
“Conseguir um papel num filme já é um milagre. Oportunidades assim não existem para você. Parecia absurdo. (…) Comecei a duvidar que fosse ele [Coppola] mesmo no telefone. Talvez eu estivesse tendo uma crise nervosa. Quem era eu para aquilo cair no meu colo?”, diz o artista no livro. Ele afirma que a Paramount queria algum nome grande do cinema em seu lugar, como Jack Nicholson, Warren Beatty ou Robert Redford, e chegou até mesmo a rejeitar Marlon Brando para o papel.
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Deslocado e criticado por seu desempenho, o desconhecido Al Pacino decepcionou Coppola, que disse que só o manteve no filme porque havia reorganizado o cronograma de filmagens. “Eu me sentia deslocado. Ninguém quer estar onde não é desejado”, lembra. Depois de gravar uma fatídica cena no restaurante italiano, o ator passou a ser respeitado e ganhou uma segunda chance do diretor.
O astro se mostra autossabotador no livro e conta que torceu para perder o Oscar de melhor ator por seu trabalho em Serpico (1973). Ele recusou papéis para filmes de sucesso como Star Wars (1977) e Pat Garrett & Billy the Kid (1973), e chegou a se afundar no mundo do álcool e das drogas (com exceção da cocaína) quando sentiu o peso da fama ao lançar O Poderoso Chefão: Parte II (1974). “Era muito difícil conviver com Michael Corleone. Era um lugar muito difícil de encontrar em minha própria alma”, avaliou.
Al Pacino decidiu se afastar do cinema comercial depois de Scarface (1983), filme que foi muito criticado em seu lançamento, mas que se tornou cult com o passar dos anos. “Até hoje, é o maior filme que eu fiz. Os pagamentos residuais ainda me sustentam. Posso viver deles”, entregou. Seu único Oscar veio em 1992, ao interpretar o tenente-coronel cego Frank Slade em Perfume de Mulher. Em Sonny Boy, o ator também fala sobre seus inúmeros relacionamentos amorosos e seus filhos. Ele se mostra sensível pela primeira vez em público depois de anos escondendo suas fragilidades.


