Três décadas depois da exibição de Cara e Coroa (1995), Antônio Calmon se pronunciou sobre a morte precoce da vilã Heloísa, interpretada por Maitê Proença. Em entrevista, o autor da novela da Globo afirmou que a decisão de eliminar a personagem partiu da direção da emissora, em função de problemas nos bastidores, e negou que tenha agido por conta própria ou por questões pessoais.
A novela, exibida entre 1995 e 1996, frequentemente retorna à pauta por seus bastidores turbulentos. A trama central, com gêmeas vividas por Christiane Torloni, foi ofuscada por acusações públicas. Em 2017, Maitê declarou ao Roda Viva que o diretor Wolf Maya a teria removido da produção por estar interessado em seu então namorado, Victor Fasano, que também atuava na trama.
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Recentemente, Miguel Falabella, que fazia par romântico com Maitê Proença na trama, desmentiu a colega e responsabilizou Antônio Calmon. “O diretor era o Wolf Maya. Certamente não foi ele quem a tirou da novela, nem tinha qualquer interesse no Fasano. Isso é delírio! Quem a tirou da novela foi o autor.”
Ao comentar a acusação, Antônio Calmon rebateu de forma direta: “Vou ser curto e grosso. Conheci a Maitê antes de ela virar a grande estrela que se tornou, em uma situação social. Fiquei marcado pela beleza e também pelo talento dela, que é um tipo de talento especial, mas que eu respeito. Para resumir, a Maitê morreu [na novela] a pedido da direção da emissora, por problemas não relacionados a mim”, disse ao site NaTelinha.
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Segundo o autor, comportamentos inadequados diante das câmeras influenciaram a decisão. “O Miguel Falabella –-que eu acho muito metidinho sempre-–, ao sacanear alguém ou praticar alguma maldade em cena, tinha mania de olhar para a câmera. Ou seja, ele desmentia o que tinha acabado de falar. Isso, além de não ser aconselhável em uma novela, não é permitido, porque todo mundo começa a fazer a mesma coisa.”
Antônio Calmon afirmou que Maitê repetiu esse comportamento. “A Maitê começou a olhar para a câmera também, o que não podia. O casal de vilões estava tentando criar com a audiência uma cumplicidade não pretendida por este autor –-e duvido que pelo diretor da novela, que nem me lembro quem era. E houve reclamações desse tipo.”
Na entrevista de 2017, Maitê Proença sustentou que seguia instruções contrárias às de Calmon. “Ele [o diretor] falava que eu era uma pessoa ingovernável, me mandava fazer justamente o que o autor não queria que eu fizesse”, afirmou a atriz no programa da TV Cultura. Após o episódio o novelista não voltou a trabalhar com Falabella na televisão. Já com Maitê, o reencontro ocorreu anos depois, em Três Irmãs (2008), sua última novela na Globo.
“Anos depois, percebi um olhar simpático da parte dela para mim, com aquele sorriso deslumbrante que ela tem, num show de música no Canecão. Senti que finalmente ela, de alguma forma, havia entendido que não fora eu quem quis matar a personagem, que não era nada pessoal e que, como dizem os soldados, policiais e tal, eu apenas cumpria ordens”, completou.


