Matheus Nachtergaele, atualmente no ar como Poliana em Vale Tudo, afirmou que há uma nova forma de censura na TV aberta. O ator disse que parte conservadora do público influencia diretamente na abordagem dos temas em novelas da Globo, o que, segundo ele, limita a liberdade criativa das produções.
“Existe uma censura nova na TV aberta, que não havia quando eu fiz Hilda Furacão“, disse o ator, ao lembrar da minissérie exibida em 1998, na qual interpretou Cintura Fina. “O Brasil se provou, de alguma forma, conservador. A emissora optou por não apertar os parafusos mais incômodos para uma boa parte da população”, afirmou em conversa com a Folha de S.Paulo.
O artista também apontou que o impacto cultural das novelas diminuiu nos últimos anos. “Os assuntos vêm à tona e somem na mesma velocidade estonteante. Os personagens duravam mais tempo. Eu ainda sou o João Grilo nas ruas”, comentou, fazendo referência ao clássico O Auto da Compadecida (1999), um dos papéis mais marcantes de sua carreira.
Matheus Nachtergaele valoriza novelas como espaço de arte
Na trama das 21h, Matheus Nachtergaele interpreta Poliana, personagem que recentemente revelou ser assexual. O ator destacou a importância da representação na televisão e refletiu sobre o impacto da atuação na sociedade. “Atuar não é tão importante quanto a medicina, quanto a ciência, mas é muito importante para a sanidade de um povo. O ser humano precisa dos atores para se ver, para purgar, rir junto, conhecer os meandros do ser humano”, relatou.
O ator ainda defendeu o papel das novelas como ferramenta de democratização do acesso à cultura. “A televisão é onde a maioria do povo brasileiro tem acesso à arte, e fazer novela ainda é uma maneira muito viva de ser ator”, disse o artista que tem um longo currículo em produções na TV e no cinema.


