Miriam Freeland, conhecida por papéis em novelas como O Cravo e a Rosa (2000), Esperança (2002) e A Terra Prometida (2016), falou abertamente sobre a vida em Portugal e os desafios enfrentados por imigrantes brasileiros. Vivendo no país europeu, a atriz relatou que a experiência está longe do romantismo idealizado nas redes sociais.
“Estamos vivendo um momento bastante delicado em relação aos imigrantes e, obviamente, isso impacta os brasileiros. Somos muitos em número, e isso, sim, causa certo receio”, afirmou. Segundo a atriz, o aumento da população imigrante nos últimos anos, especialmente de brasileiros e indianos, tem gerado desconforto em parte da sociedade portuguesa.
Para ela, a questão não é exclusiva de Portugal, mas um reflexo global. “O mundo, de forma geral, não está sabendo lidar com esse lado da globalização, e vemos crescer a intolerância, o preconceito, a xenofobia. Tudo isso é muito preocupante. Não é agradável, e está longe de ser algo romântico ou bonito”, pontuou a atriz, que atualmente faz parte do elenco de Morangos com Açúcar, da TVI.
Apesar das dificuldades, a atriz de O Cravo e a Rosa reconhece o papel essencial dos imigrantes na economia portuguesa. “Não apenas como força de trabalho, mas também em termos de gestão de patrimônio e investimento financeiro. Há uma parte significativa que investe fortemente no país, e os brasileiros estão entre os que mais contribuem nesse aspecto”, declarou em conversa com Heloisa Tolipan.
Ela também destacou a falta de preparo das autoridades locais para lidar com o crescimento da população estrangeira. “O problema é que Portugal parece não conseguir administrar bem essas duas frentes: o acolhimento da mão de obra e a gestão do capital estrangeiro”, analisou a atriz, que vive entre os dois países e mantém vínculo profissional com o mercado audiovisual brasileiro.
“É uma vida lá e cá. Todos os anos a gente vem, fica aqui, volta duas, três, até quatro vezes, às vezes pra trabalhar, fazer algumas coisas. Minha família está aqui, então tem tudo isso junto e misturado”, afirmou Miriam Freeland, que não descarta novos trabalhos no Brasil.
Para ela, a presença de atores brasileiros em produções portuguesas também tem um papel estratégico. “Existe uma intenção clara deles de incluir personagens brasileiros, porque há muitos brasileiros vivendo em Portugal. Então, é também uma forma de cativar esse público potencial. Além disso, a produção tem parceria com a Prime Video, o que permite que a série seja exibida também no Brasil, então faz sentido agregar o mercado brasileiro”, concluiu.
