SEM INVESTIMENTOS

Amazon enfrenta crise por descaso com produções nacionais às vésperas de estreia

Empresa é criticada no mercado por não ter um executivo de conteúdo local desde 2023 e por subestimar o potencial do audiovisual brasileiro

Atriz Marina Ruy Barbosa caracterizada como Suzane von Richthofen em cena da série Tremembé; ela segura roupas e olha por cima do ombro
Marina Ruy Barbosa como Suzane von Richthofen na série Tremembé; Amazon vive descaso com produções brasileiras (foto: Reprodução)

Compartilhe:

A Amazon Studios, divisão de produção de dramaturgia da empresa, vive uma crise nos bastidores e no mercado audiovisual brasileiro. O descontentamento, que cresceu nas últimas semanas, ocorre devido à suposta falta de prioridade que a companhia tem dado ao Brasil, pouco antes do lançamento de Tremembé, série protagonizada pela atriz Marina Ruy Barbosa.

As informações são da coluna Outro Canal, do jornal Folha de S.Paulo, que ouviu diversas fontes do setor. A principal queixa é a ausência de um executivo de conteúdo dedicado ao Brasil desde a saída de Malu Miranda, em 2023. Camila Misas ocupou o cargo interinamente por seis meses, mas pediu demissão por falta de perspectiva na companhia.

A situação gerou questionamentos internos. Contratada como head de International Originals da Amazon, Nicole Clements passou a perguntar em reuniões por que o Brasil não era um mercado relevante para o Prime Video. Ela citou o sucesso da Netflix, que tem o país como seu principal mercado fora dos Estados Unidos em assinantes e faturamento.

A justificativa apresentada por Javiera Balmaceda Pascal, head de produção para a América Latina e irmã do ator Pedro Pascal, é que não valia a pena realizar investimentos em produções brasileiras por falta de retorno financeiro. A resposta, no entanto, não encerrou as discussões internas sobre a estratégia da empresa para a região.

Quem é o novo executivo da Amazon para o Brasil?

Após as cobranças de Nicole Clements, Javiera Balmaceda escolheu um executivo para comandar os investimentos no mercado brasileiro. O selecionado foi Felipe Tewes, profissional nascido na Venezuela com passagens pela Warner e Netflix, onde atuou com animações e aquisição de filmes. Tewes mora em Los Angeles e teria confidenciado que nunca esteve no Brasil.

A nomeação causou decepção entre os profissionais brasileiros da Amazon, especialmente porque Javiera havia prometido que os diretores que já atuam na empresa seriam considerados para o cargo. A decisão de preterir os talentos locais sem justificativa intensificou o mal-estar, já que outras empresas, como a Disney, buscam ativamente executivos brasileiros para expandir seus investimentos.

Apesar da crise, a empresa possui algumas produções nacionais previstas. A lista inclui o filme biográfico sobre a cantora Marília Mendonça (1995-2021), a segunda temporada de Cangaço Novo e a quinta temporada de L.O.L – Se Rir, Já Era. A série Tremembé é a maior aposta, e a companhia já preparou seu departamento jurídico para possíveis ações judiciais.

No início do ano, a Amazon divulgou um investimento de R$ 55 bilhões no Brasil nos últimos dez anos, mas o valor engloba todas as suas divisões, como o marketplace, sem detalhar a verba destinada ao setor audiovisual. Procurada pela publicação, a empresa afirmou que “a marca não comenta especulações referentes a decisões de negócios”.

Compartilhe:

O TV Pop utiliza cookies para melhorar a sua experiência.