O planejamento comercial do SBT para a transmissão da Copa do Mundo de 2026 enfrenta um problema preocupante. As cotas de patrocínio colocadas à venda pela emissora não tiveram a adesão esperada pelo mercado publicitário e encalharam. Diante da baixa procura, a direção do canal precisou aplicar uma redução drástica nos valores para conseguir fechar os primeiros contratos e viabilizar a operação.
De acordo com o colunista Gabriel de Oliveira, publisher do TV Pop e titular da coluna Canal D no jornal O Dia, o cenário é crítico. O plano original previa a venda de seis cotas por mais de R$ 626 milhões cada. No entanto, até o fechamento desta reportagem, apenas dois espaços foram comercializados. Para garantir esses acordos, a emissora concedeu descontos de 90%, o que derrubou o preço final para R$ 60 milhões.
A estratégia inicial apostava alto na comoção gerada pela despedida de Galvão Bueno das narrações. O SBT e a parceira N Sports tentaram vender o torneio com valores de tabela superiores aos da própria Globo, que também exibirá os jogos na TV aberta. O documento enviado às agências destacava que o narrador não voltaria atrás em sua aposentadoria após o mundial, mas o argumento não convenceu os anunciantes a pagarem o preço cheio.
Investimento e concorrência
A aquisição dos direitos de transmissão exigiu um investimento de aproximadamente US$ 25 milhões (cerca de R$ 134,5 milhões) por parte das parceiras. O canal da família Abravanel arcou com a maior parte do montante e já quitou a primeira parcela junto à Fifa em outubro. O objetivo agora é recuperar o capital investido através da venda dos espaços publicitários restantes, mesmo com a margem de lucro comprometida pelos descontos generosos.
A dificuldade nas vendas ocorre em um cenário de concorrência direta e não exclusiva. O pacote negociado pelo SBT prevê a exibição de 32 partidas, exatamente os mesmos jogos que a concorrente carioca transmitirá em sinal aberto para todo o país. Enquanto a Globo paga cerca de US$ 60 milhões anuais à entidade máxima do futebol, a emissora paulista tenta rentabilizar sua cobertura alternativa em um mercado cada vez mais disputado.


