SALDÃO

Cotas da Copa do Mundo encalham e SBT vende patrocínios com 90% de desconto

Canal de Silvio Santos planejava faturar R$ 626 milhões por cota, mas precisou baixar valor para R$ 60 milhões; estratégia de usar despedida de Galvão Bueno não surtiu efeito

Galvão Bueno de camisa polo azul da Globo abre os braços com expressão de dúvida em foto promocional com fundo roxo da emissora
Galvão Bueno vai narrar a Copa do Mundo no SBT; cotas de patrocínio estão encalhadas mesmo com 90% de desconto (foto: Globo/João Cotta)

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O planejamento comercial do SBT para a transmissão da Copa do Mundo de 2026 enfrenta um problema preocupante. As cotas de patrocínio colocadas à venda pela emissora não tiveram a adesão esperada pelo mercado publicitário e encalharam. Diante da baixa procura, a direção do canal precisou aplicar uma redução drástica nos valores para conseguir fechar os primeiros contratos e viabilizar a operação.

De acordo com o colunista Gabriel de Oliveira, publisher do TV Pop e titular da coluna Canal D no jornal O Dia, o cenário é crítico. O plano original previa a venda de seis cotas por mais de R$ 626 milhões cada. No entanto, até o fechamento desta reportagem, apenas dois espaços foram comercializados. Para garantir esses acordos, a emissora concedeu descontos de 90%, o que derrubou o preço final para R$ 60 milhões.

A estratégia inicial apostava alto na comoção gerada pela despedida de Galvão Bueno das narrações. O SBT e a parceira N Sports tentaram vender o torneio com valores de tabela superiores aos da própria Globo, que também exibirá os jogos na TV aberta. O documento enviado às agências destacava que o narrador não voltaria atrás em sua aposentadoria após o mundial, mas o argumento não convenceu os anunciantes a pagarem o preço cheio.

Investimento e concorrência

A aquisição dos direitos de transmissão exigiu um investimento de aproximadamente US$ 25 milhões (cerca de R$ 134,5 milhões) por parte das parceiras. O canal da família Abravanel arcou com a maior parte do montante e já quitou a primeira parcela junto à Fifa em outubro. O objetivo agora é recuperar o capital investido através da venda dos espaços publicitários restantes, mesmo com a margem de lucro comprometida pelos descontos generosos.

A dificuldade nas vendas ocorre em um cenário de concorrência direta e não exclusiva. O pacote negociado pelo SBT prevê a exibição de 32 partidas, exatamente os mesmos jogos que a concorrente carioca transmitirá em sinal aberto para todo o país. Enquanto a Globo paga cerca de US$ 60 milhões anuais à entidade máxima do futebol, a emissora paulista tenta rentabilizar sua cobertura alternativa em um mercado cada vez mais disputado.

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