A Justiça paulista manteve a condenação da Globo ao pagamento de R$ 30 mil de indenização ao goleiro Alexandre Cajuru. A decisão, tomada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, aponta que a emissora expôs de forma reiterada uma falha cometida pelo jogador em 2020, quando atuava pelo CSA na Série B do Campeonato Brasileiro. O erro foi repetido em pílulas exibidas pelo SporTV, canal esportivo da emissora na TV por assinatura.
O que você precisa saber
- Globo foi condenada a pagar R$ 30 mil a goleiro Cajuru;
- Exposição de falha em vídeo do SporTV motivou a ação;
- Atleta alegou danos emocionais e dificuldades profissionais;
- Globo contestou número de exibições e recorreu da decisão;
- Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação;
- Emissora ainda pode apresentar novo recurso.
Durante a partida entre CSA e Ponte Preta, Cajuru não conseguiu defender um chute de longa distância e acabou sofrendo um gol. Na transmissão, o locutor reagiu com a frase: “Cajuru, que é isso?”. Segundo a ação movida pelo goleiro, a falha foi usada ao menos 4.800 vezes em conteúdos que destacavam vacilos de jogadores, exibidos antes, durante e depois das partidas das séries A e B. A informação do processo foi divulgada pelo colunista Rogério Gentile, do UOL.
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Conforme a defesa de Cajuru, representada pelo advogado João de Araújo Júnior, a repetição sistemática do erro causou forte abalo emocional no atleta e prejudicou sua carreira. No processo, foi argumentado que a Globo “não deixou a sociedade esquecer” do episódio, renovando o trauma cada vez que o vídeo era veiculado. Após o episódio, Cajuru teria enfrentado dificuldades para renovar contratos e encontrar novos clubes.
O goleiro afirmou ainda que já havia sentido forte impacto emocional com o erro em campo, mas esperava que, com o tempo, o lance fosse esquecido. A exposição contínua promovida pela emissora, no entanto, teria potencializado os danos à sua imagem profissional e pessoal. O advogado reforçou que a Globo extrapolou o direito de informar ao transformar o episódio em peça de entretenimento reiterada.
Globo contestou e alegou exibições pontuais
Em sua defesa, a Globo alegou que o número de 4.800 exibições era “fantasioso” e que, nos autos, o goleiro comprovou apenas três exibições do vídeo. A emissora sustentou que o material fazia parte de uma série de destaques positivos e negativos do Campeonato Brasileiro, sem qualquer conotação pejorativa. Também argumentou que a veiculação foi pontual e não caracterizou abuso ou ilícito.
O canal esportivo afirmou ainda que apenas exibiu, sem comentários depreciativos, imagens originalmente transmitidas ao vivo, que já faziam parte da cobertura jornalística dos eventos esportivos. Apesar da argumentação, o Tribunal de Justiça de São Paulo não acolheu o recurso e manteve a condenação estabelecida em primeira instância no fim de 2023.
Decisão considerou exposição abusiva
Relator do processo no TJ-SP, o desembargador Marcello Perino destacou que houve excesso por parte da Globo, caracterizado pela alta exposição do goleiro e uso abusivo da imagem do erro. Segundo o magistrado, a conduta ultrapassou o direito de informar e resultou em constrangimento indevido ao atleta, o que justifica a indenização por danos morais. A Globo ainda pode apresentar novo recurso para tentar reverter a decisão.


