Silvio de Abreu revelou os motivos que o levaram a romper com a Globo após mais de quatro décadas dedicadas à emissora. Em entrevista ao programa Companhia Certa, da RedeTV!, o autor e ex-diretor de dramaturgia contou que decidiu não renovar seu contrato em 2020 por ter perdido a autonomia criativa com as mudanças estruturais no canal.
O novelista foi responsável por aprovar textos, escolher elencos e comandar toda a estrutura artística da dramaturgia da emissora. “Eu decidia quais produtos iriam ao ar. Escolhia os textos, os atores, os diretores… Toda a parte artística era controlada por mim. A verba vinha para mim, e eu decidia que programa ia fazer com ela”, explicou.
Essa dinâmica mudou com a unificação dos canais da Globo em uma só estrutura administrativa. A centralização de decisões no Globoplay e no setor de programação tirou dele o poder de decidir os rumos da dramaturgia. “Eu não tinha mais acesso à verba para fazer os programas. Quem decidia que programa ia ser feito era a programação e o Globoplay. Eu seria um reprodutor”, afirmou.
Silvio de Abreu recusou proposta para seguir como autor
Com o fim do contrato, a Globo ainda tentou mantê-lo como autor exclusivo, mas sob novas condições. Silvio de Abreu recusou a oferta. “Eles me propuseram renovar. Queriam que eu continuasse como autor, mas eu tampouco teria autonomia, porque sempre teria que dar satisfação ou à programação, ou ao Globoplay — o que nunca havia dado na vida”, afirmou. “Não queria trabalhar sob um regime de imposição, porque sou criador. Não consigo criar sob imposição”, completou.