O maior nome das coberturas de Fórmula 1 e a única capaz de tirar um sorriso dos pilotos, Mariana Becker afirmou que enfrentou resistência e machismo ao longo de sua trajetória. Com mais de 20 anos de experiência, a repórter da Band relembrou situações em que sua competência foi colocada à prova apenas por ser mulher, em um ambiente tradicionalmente dominado por homens.
“Eu achava que [enfrentava barreiras] por estar começando ou por ainda estar aprendendo –porque Fórmula 1 exige estudo, especialização. Me exigia muito, achava que não tinha fontes boas, que não me expressei direito… Mas, na verdade, era porque eu era mulher. Qualquer vacilo era visto de forma mais dura. Isso foi muito difícil”, contou ela em entrevista ao site Notícias da TV.
A jornalista pontuou que ouviu absurdos. “Aí você tenta se encaixar, ser perfeita, mas quanto mais tenta, mais dura fica. E começa a desaparecer. Já ouvi coisas do tipo: ‘Você consegue isso porque é loira de olhos verdes’. Comentários que nenhum homem ouviria. Na minha geração, ouvíamos absurdos e achávamos normal. Só depois percebemos o quanto nos limitavam”, destacou a jornalista.
Mariana Becker passou anos na Globo antes de migrar para a Band, em 2021. Na nova emissora, Mariana ganhou liberdade editorial para sugerir conteúdos e integrar a idealização da cobertura da F1. “Como teríamos mais espaço, pensamos juntos: ‘Podemos mostrar isso, aquilo…’. Muita coisa que eu queria mostrar antes, mas não podia, por falta de espaço, passou a ser possível”, explicou. A colaboração com o diretor Jayme Brito foi decisiva na reformulação.
Presença feminina na F1
Mariana Becker considera que a Fórmula 1 se transformou nos últimos anos e passou a valorizar a diversidade. “Com o tempo, tudo foi se transformando. A Fórmula 1 ganhou mais liberdade, os pilotos passaram a usar redes sociais, começaram a se expressar mais. A mídia também pôde mostrar mais coisas”, relatou.
A jornalista destaca ainda a importância de acompanhar figuras como Lewis Hamilton, que além de múltiplos títulos, tornou-se voz ativa contra o racismo e outras formas de desigualdade. “Foi um prato cheio de histórias, um banquete para quem é jornalista”, afirmou ela, que acompanhou de perto a evolução do piloto britânico.


