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DESORGANIZAÇÃO

Globo ainda não sabe o que irá preencher o horário deixado por Malhação

Cena da atual temporada de Malhação
Malhação deverá chegar ao fim em 28 de janeiro (foto: Reprodução/TV Globo)

A direção da Globo ainda não bateu o martelo sobre o que substituirá Malhação na programação a partir de janeiro. A emissora, outrora exemplo de planejamento e organização, apenas decidiu que dará um fim para a série adolescente depois de 26 anos, mas segue longe de uma decisão sobre o que poderá ocupar o espaço deixado pelo seriado. Para os executivos da emissora, os índices registrados pelas últimas estreias da rede são provas de que o público está mais exigente e não consumirá um conteúdo simplesmente por ele estar na grade da líder de audiência.

Inicialmente, a tendência é de que a lacuna deixada pela série seja preenchida com uma solução menos arriscada: o Vale a Pena Ver de Novo deverá ter a sua duração ampliada, passando a ser o responsável pela entrega para a novela das seis, deixando o restante da programação vespertina inalterada. Uma movimentação maior, envolvendo novos programas e um segundo horário para reprises de novelas, só deverá acontecer depois de março, mês em que o número de TVs ligadas tende a estar normalizado — há uma tendência de queda de share entre dezembro e fevereiro.

No entanto, uma ala da alta cúpula defende que a ampliação do espaço destinado para O Clone não é o movimento ideal, mesmo que de forma provisória. Estes executivos lembram justamente da tradição da Globo em ter uma programa estável ao decorrer do ano, sem mudanças drásticas, e ressaltam que uma mudança por apenas alguns meses prejudicará a imagem da emissora diante do mercado publicitário, igualando a empresa aos movimentos impensados tradicionalmente feitos pela Record e pelo SBT, conhecidas pelos diversos programas tapa-buraco no início do ano.

O departamento Comercial endossa a teoria de que a ampliação do Vale a Pena Ver de Novo não é a solução para os problemas da emissora. O setor sugeriu a criação de uma atração relacionada ao Big Brother Brasil para preencher o horário, nos mesmos moldes do formato adotado pelo Plantão BBB neste ano. Porém, há o temor de que conceder um espaço adicional para o reality antes mesmo de sua estreia pode ser arriscado, já que nada garante que ele terá os mesmos índices dos últimos dois anos. Se a temporada fracassar, um programa sobre ela também não renderia.

TV Pop apurou que há pressa para que uma decisão sobre a nova programação vespertina seja tomada. Boa parte das agências de publicidade já estão encerrando seus planos de mídia para o primeiro trimestre de 2022 e entram em um extenso período de recesso no dia 17 de dezembro, retornando ao expediente normal apenas na segunda quinzena de janeiro, poucos dias antes das movimentações planejadas pela Globo — Malhação deverá chegar ao fim no dia 28 de janeiro, enquanto a próxima temporada do Big Brother tem estreia confirmada para o dia 17.

Mas e depois do BBB?

Há alguns meses, um estudo encomendado pela Globo apontou um crescimento no interesse do público por atrações ao vivo e por temas factuais, independentemente de estarem correlacionados ou não com assuntos jornalísticos. Nas últimas semanas, a emissora já havia iniciado movimentações nesse sentido: o Domingão, apesar de ainda atravessar sua fase tapa-buraco, foi colocado no ar com blocos ao vivo justamente para causar a sensação de que é um conteúdo quente, e não algo requentado. Em diversas afiliadas, a agora cancelada Malhação perdeu espaço para a chegada de boletins dos telejornais locais, com o intuito de barrar o crescimento das edições locais do Cidade Alerta, da Record.

Apesar de ainda ser vista como um celeiro de novos talentos para a dramaturgia, Malhação já havia se transformado em um produto deficitário. O formato da novela teen sobreviveu durante 27 temporadas, mas dava sinais de cansaço antes mesmo da interrupção forçada pela crise sanitária, e os índices de ibope já não eram os mesmos de outrora — o folhetim era alvo de incontáveis reclamações das parceiras da rede. O faturamento também não era dos melhores: as temporadas da trama raramente conseguiam patrocinadores e ações de merchandising.

Nos bastidores da emissora, dois cenários são vistos como os mais prováveis para a programação vespertina da líder de audiência a partir do próximo ano. Em um deles, haverá a cisão do Vale a Pena Ver de Novo em dois blocos, com a transmissão de duas novelas por vez. Neste cenário, a primeira reapresentação entraria no ar às 14h20, tirando parte da duração do Jornal Hoje — atendendo aos apelos da equipe do telejornal, que tem se queixado da dificuldade de conteúdos para preencher a duração extensa do noticioso. Depois, haverá um programa vespertino (como o possível retorno do Vídeo Show) com cerca de 90 minutos de duração, entregando o horário para a segunda reprise do Vale a Pena — neste caso, o folhetim reprisado seria o responsável pela entrega para a novela das seis, por volta de 18h30, função atualmente ocupada por Malhação.

Na segunda hipótese, uma nova atração vespertina, com cerca de uma hora, seria exibida após o Jornal Hoje, antes de duas novelas do Vale a Pena Ver de Novo. Neste cenário, a edição noturna dos telejornais locais seria antecipada para às 18h e iria ganhar mais tempo no ar, chegando ao fim por volta das 18h50. Depois, em sequência, seriam exibidas as novelas das seis e das sete, mantendo a programação habitual a partir do Jornal Nacional. A Sessão da Tarde, apesar de ter sua comercialização assegurada até dezembro, ainda surge como dúvida na programação.

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